Sepultada no Rio 6a criança vítima de confrontos policiais

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Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

O enterro do menino Ítalo Augusto de Castro Amorim, de 7 anos, foi marcado por muita dor e emoção na manhã desta quinta-feira, no Cemitério de Vila Rosali, em São João do Meriti, na Baixada Fluminense. Cerca de 200 pessoas, entre familiares e amigos, prestaram a última homenagem ao menino. Muitos parentes vestiram camisetas com fotos e a frase “saudade eterna” em memória da criança, que morreu na noite de terça-feira, dia 30, após ser atingido na cabeça quando brincava no portão de casa, no bairro Vila Norma. Ele foi levado para a UPA de Éden, mas, segundo a prefeitura, já chegou morto à unidade, por volta das 20h30.

Dois ônibus foram fretados por amigos e parentes para ir ao cemitério na última despedida para criança. A mãe passou mal um pouco antes do enterro, mas acompanhou toda cerimônia. Ela estava inconformada com a morte do filho, que foi muito esperado pela família. Ela sonhava ter um menino e engravidou aos 40 anos. O menino completou 7 anos dia 23 de fevereiro, mas a pandemia de Covid impediu que houvesse uma festa para comemorar. O evento foi remarcado para setembro, com o tema Pintando o Sete.

— Estamos arrasados. Mas vamos seguir em frente. Ele foi para o céu, agora virou um anjinho. A mãe está desolada, a família está assim. Muito triste perder uma criança. Não temos condições de falar — disse uma das primas de Ítalo, por telefone.

Segundo a plataforma “Fogo Cruzado”, Ítalo se tornou a sexta criança que morreu vítima de violência em 2020, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Foi o terceiro óbito em menos de uma semana. Kauã Vitor da Silva, de 11 anos, foi assassinado no Complexo da Maré, no dia 25, e Rayane Lopes, de 10 anos, foi morta em Anchieta, no dia 28, ambos os bairros na Zona Norte da capital. Ao todo, 17 crianças foram baleadas nos primeiros seis meses deste ano em toda região.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) instaurou um inquérito para apurar a morte de Ítalo. Além da realização da perícia no local, moradores da região e outras testemunhas foram ouvidas. A delegacia apura ainda se um homem que foi morto em Mesquita, também na Baixada, pode ter ligação com o caso: segundo a Polícia Civil, depoimentos indicam que ele seria o responsável pelos disparos que atingiram a criança. A corporação frisou ainda que “por enquanto, nenhuma linha de investigação é descartada”.

De acordo com informações do 21º BPM (São João de Meriti), uma equipe do batalhão realizava um patrulhamento de rotina perto do local onde Ítalo estava quando foi atacada a tiros por traficantes. Um dos disparos teria atingido o menino. Em nota, a Polícia Militar informou que os disparos contra a equipe do 21º BPM foram feitos por uma pessoa que estava de moto. Segundo a corporação, a viatura que estava com os PMs foi perfurada por um disparo.

O Globo