Trump ameaça usar recursos públicos com fins eleitorais

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Foto: Nathan Howard/Getty Images/AFP

Em meio a uma controversa mobilização de forças federais no estado americano do Oregon, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu na segunda-feira 20 enviar mais agentes a grandes cidades governadas pela oposição democrata.

Forças federais foram enviadas na semana passada à cidade de Portland, no noroeste do país, para reprimir protestos contra a violência policial e o racismo, amplamente pacíficos mas que por vezes se tornaram violentos. No entanto, a presença de carros e homens não identificados utilizando camuflagem enfureceu pessoas por todo o país, assim como o uso de gás lacrimogêneo perto de prédios do governo federal. Alguns manifestantes foram detidos sem explicações.

“Teremos mais forças de segurança federais. Em Portland fizeram um trabalho fantástico”, disse Trump à imprensa, durante um encontro com congressistas na Casa Branca. “Em três dias, puseram um monte de anarquistas na prisão”, acrescentou o republicano.

Trump, atrás do candidato presidencial democrata, Joe Biden, nas pesquisas de opinião, se declarou em junho o “presidente da lei e ordem” e aposta em uma postura mais agressiva para tentar garantir seu segundo mandato em 3 de novembro. O presidente acusa as autoridades de Portland de indulgência, prometendo estender a mesma mobilização de forças para outras cidades.

“Não vamos abandonar Nova York, Chicago, Filadélfia, Detroit e Baltimore”, afirmou, acusando os governantes democratas destas áreas de serem membros da “esquerda radical”.

Na segunda-feira, o jornal local Chicago Tribune relatou que o Departamento de Segurança Interna planeja enviar cerca de 150 agentes a Chicago nesta semana, como parte de esforços para conter crimes violentos. Segundo a polícia local, 64 pessoas foram baleadas no fim de semana e onze morreram. O republicano afirmou que a situação de Chicago “é pior do que no Afeganistão“, um país devastado por décadas de guerra.

Os oficiais enviados são parte de uma unidade do Departamento de Segurança Interna composta pelo Serviço de Delegados dos EUA e pelo serviço alfandegário e de proteção de fronteiras. Em decreto presidencial assinado em junho, Trump permitiu o envio de forças sem a permissão individual de estados.

Desde a morte de George Floyd, um cidadão negro asfixiado por um policial branco em 25 de maio em Minneapolis, os Estados Unidos vivem uma onda de protestos sem precedentes desde o movimento de luta pelos direitos civis nos anos 1960. Embora as mobilizações tenham diminuído, várias cidades continuam sendo cenário de protestos esporádicos, onde foram registrados distúrbios em várias ocasiões.

Autoridades do Oregon instaram o presidente a retirar as forças de Portland e o acusam de agravar a situação como parte de uma manobra política em um ano eleitoral. Muitas delas consideram que, com a presença federal, as situações se agravaram, ao invés de serem amenizadas.

O estado e a União Americana pelas Liberdades Civis, uma organização não governamental de direitos civis, entraram com um processo contra o governo pelas detenções, que classificam como ilegais, de manifestantes.

“Não só acredito que ele está quebrando a lei, mas também que ele está colocando em risco a vida dos cidadãos de Portland”, disse o prefeito da cidade, Ted Wheeler, em uma publicação em suas redes sociais. Anteriormente, ele já havia chamado a presença federal de “teatro político”.

Para Gretchen Whitmer, governadora de Michigan, onde fica Detroit, uma das cidades citadas pelo presidente, as ações indicam uma “retórica de ódio”.

“Não há nenhum motivo para que o presidente envie tropas federais a uma cidade onde as pessoas pedem reformas de forma pacífica e respeitosa”, afirmou em um comunicado.

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