Trump insinua que não aceitará perder eleição

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Foto: Jonathan Ernst/VEJA

Em uma entrevista à rede de TV Fox News, o presidente americano, Donald Trump, voltou à velha forma. Se irritou com as perguntas, bateu, boca com jornalistas, desacreditou pesquisas, fez acusações sem comprovação e atacou o adversário nas eleições de novembro, o democrata Joe Biden.

Na entrevista, que teve trechos divulgados antes de ser televisionada, Trump se negou a responder se aceitará o resultado das eleições de novembro nos Estados Unidos. “Precisarei ver. Não vou dizer, simplesmente, que sim. Não vou dizer, assim como fiz da última vez”, disse o chefe de governo, questionado sobre uma possível derrota. Em 2016, enquanto ainda era candidato, ele se recusou a se comprometer com o resultado das eleições, em que venceu a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, do Partido Democrata.

A pandemia de coronavírus que infecta milhares de americanos todos os dias, principalmente nos estados do sul, e prejudica a economia tem minado as chances de reeleição de Trump. A mais recente pesquisa, divulgada nesse fim de semana pelo jornal Washington Post e pela emissora ABC, aponta uma vantagem de Joe Biden de 15 pontos – o democrata tem 55% das intenções de voto, enquanto o presidente americano aparece com 40%. “Não acho que vou perder. Você sabe quantas vezes me deram por derrotado? Não estou perdendo, porque essas pesquisas são falsas. Foram falsas em 2016, e agora são mais falsas”, disparou o presidente, sem apresentar evidências sobre irregularidade nas consultas populares.

Trump também colocou as eleições sob suspeita ao questionar (de novo) o sistema de votação pelo correio. Em virtude da pandemia, espera-se que mais eleitores adotem o voto por correspondência, uma prática que já faz parte do pleito. “Creio que o voto por correio vai manipular as eleições. Realmente, acredito nisso”, disse.

O chefe de governo dos Estados Unidos também fez insinuações sobre o estado de saúde de Joe Biden: “Sabe por que não vou perder? Porque o país, no fim, não vai eleger um homem que está arruinado. Está arruinado mentalmente”, disse o atual presidente. Questionado se afirmava que o vice presidente das duas gestões de Barack Obama está senil, Trump o classificou de incompetente para ser presidente, que “nem sequer sabe que está vivo” e “não sabe juntar duas frases”.

A afirmação trouxe reações da campanha democrata. Em resposta, um dos porta-vozes de Biden, Andrew Bates, garantiu que o candidato democrata sabe que serão os americanos que decidirão o próximo presidente. “O governo dos Estados Unidos é perfeitamente capaz de expulsar da Casa Branca os intrusos”, disse.

Biden já havia realizado um teste cognitivo para atestar sua saúde mental, obtendo um resultado considerado “excelente”. O procedimento, conhecido como avaliação cognitiva de Montreal, dura dez minutos e consiste em perguntas para que as pessoas identifiquem nomes de animais e desenhem um relógio, entre outras atividades fáceis.

O entrevistador da Fox News Chris Wallace lembrou que o próprio presidente foi submetido ao teste: “Não é que seja um teste muito difícil. Há uma imagem e te perguntam ‘o que é isso?’, ‘é um elefante’”, provocou .

Trump, por sua vez, garantiu que, apesar da simplicidade do início do exame, “as cinco últimas perguntas são difíceis”, como forma de contestar o desempenho de Biden.

Agressivo, o homem que levou o clima competitivo do mundo dos negócios à Casa Branca reconheceu que “não é um bom perdedor”. Pelo que disse na entrevista, Trump sinalizou qual será o tom que deve adotar na campanha daqui pra frente e deixou claro que está disposto a bater abaixo da linha da cintura se isso o levar a seguir no cargo por mais quatro anos.

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