Trump muda “gerente de campanha” após queda nas pesquisas

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Foto: Nicholas Kamm / AFP

Faltando menos de quatro meses para as eleições americanas, em novembro, o presidente Donald Trump sacudiu sua equipe de reeleição ao substituir seu chefe de campanha, Brad Parscale. A decisão pegou de surpresa a própria equipe do presidente e ocorre após a divulgação de pesquisas de opinião que mostram que ele está atrás de seu adversário, o democrata Joe Biden, recuando em todas as pesquisas públicas e privadas desde a primavera no hemisfério norte.

Parscale havia sido escolhido gerente de campanha no início de fevereiro de 2018 e continuará na equipe de Trump, mas como consultor de operações digitais e dados. Quem irá ocupar seu lugar é o veterano político Bill Stepien, que atualmente é o vice-gerente de campanha.

A mudança ocorre no mesmo momento em que Trump é criticado pela sua atuação contra a pandemia do novo coronavírus, que, além de já ter matado mais de 137 mil americanos, causou um grande impacto na economia do país — uma de suas bandeiras mais fortes. A insatisfação se reflete nas pesquisas de opinião, nas quais o presidente vem caindo.

Diversas pesquisas divulgadas nesta quarta-feira mostraram Trump atrás de Biden com uma diferença de dois dígitos. Em uma delas, 62% dos entrevistados disseram que o presidente estava “fazendo mais mal do que bem” no combate à pandemia. O republicano também tem tido dificuldades para responder a outras crises, como as crescentes demandas por justiça racial.

“Tenho o prazer de anunciar que Bill Stepien foi promovido ao cargo de gerente de campanha”, disse Trump em um comunicado. “Brad Parscale, que está comigo há muito tempo e lidera nossas enormes estratégias digitais e de dados, permanecerá nessa função, enquanto atua como consultor. Ambos estavam fortemente envolvidos em nossa histórica vitória em 2016, e estou ansioso para termos, juntos, uma grande e muito importante segunda vitória.”

A troca em sua equipe não é a primeira durante esse momento mais delicado da candidatura. No início de julho, o ex-diretor financeiro da Nasa, Jeff DeWitt, que foi diretor de operações da campanha do presidente em 2016, foi nomeado chefe de operações, substituindo Michael Glassner, que também trabalhou com Trump nas últimas eleições.

A mudança foi orquestrada por Jared Kushner, genro de Trump e conselheiro da Casa Branca. Kushner desempenha papel influente na campanha, embora não faça parte oficialmente dela.

Além disso, Trump trouxe de volta o estrategista político e de comunicação Jason Miller, que foi peça fundamental na campanha de 2016. Miller e Stepien estão fazendo uma estreita colaboração com outra veterana de 2016, Hope Hicks, consultora de Trump na Casa Branca que cuida de sua agenda. Outra veterana das últimas eleições, Susie Wiles — copresidente da campanha de Trump na Flórida — também foi recentemente trazida de volta à equipe.

Uma fonte próxima a Trump disse que mais uma pessoa pode chegar à equipe, talvez para a função de chefe de campanha.

Kushner, em uma breve entrevista, descreveu Parscale e Stepien — ambos contratados por ele — como peças-chave da campanha de 2016 e também da atual. Parscale foi consultor digital em 2016. Stepien, que foi o principal consultor político do governador Chris Christie de Nova Jersey, começou a atuar na direção da equipe de Trump em agosto de 2016.

Parscale, escolhido a dedo por Kushner e próximo à família Trump, durou mais tempo no trabalho do que a maioria das pessoas que lideraram várias iterações da campanha de Trump em 2016. Entre os mecanismos da campanha que montou estava o aparato digital de arrecadação de fundos, que deu ao presidente um colchão nos últimos meses, quando eventos presenciais se tornaram impossíveis de acontecer por causa do coronavírus.

Mas Parscale se tornou um foco de intenso escrutínio e reportagens sobre rumores de que estaria ganhando uma quantia enorme em dinheiro com a campanha. Esses artigos concentraram a atenção em suas compras de imóveis e carros na Flórida, onde ele mora, e se tornaram uma fonte de irritação para o presidente, que os via como uma distração. O presidente chegou a ser visto gritando com ele em algumas ocasiões.

Parscale disse ter sido pego de surpresa e que soube da mudança pouco antes de ela se tornar pública. Membros sêniores da equipe também.

O Globo