Bolsonaro atribui cem mil mortes a falta de cloroquina

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Foto: Alan Santos/PR

Em visita a Belém, onde participou da cerimônia de inauguração da primeira etapa do Complexo Porto Futuro, na região portuária, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender nesta quinta-feira, 12, o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19 e disse ser “a prova viva” da eficácia do remédio, que não tem comprovação científica.

“Sabemos que mais de 100 mil pessoa morreram no Brasil. Caso tivessem sido tratadas lá atrás com esse medicamento, poderiam essas (perdas de) vidas terem sido evitadas; aqueles que criticaram a hidroxicloroquina não apresentaram (outra) alternativa”, disse. Diagnosticado com a doença em julho, o presidente disse ter feito o uso do medicamento. O País registrou na quarta-feira, 12, 1.164 mortes e 58.081 novas infecções de coronavírus, segundo dados do levantamento realizado pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL com as secretarias estaduais de Saúde. No total, 104.263 vidas já foram perdidas por causa da covid-19.

A visita presidencial foi rápida e cercada de desrespeito aos protocolos de segurança estabelecidos para conter a pandemia do novo coronavírus. Bolsonaro foi recebido por uma legião de simpatizantes e correligionários, que se aglomeravam, muitos sem máscaras. Também sem a proteção, Bolsonaro desceu do carro na Avenida Visconde de Souza Franco, circulou entre as pessoas, trocou abraços e apertos de mão. Mas, com quase todos os políticos e autoridades fazendo o uso da máscara durante a cerimônia, Bolsonaro aderiu o equipamento no palanque e retirou-a apenas para discursar.

“Tenho o Pará no coração. Foi o Estado que mais recebeu recurso para a covid”, afirmou. Ao lado do presidente, estava o deputado federal Éder Mauro (PSD-PA), partido do bloco chamado Centrão.

Enquanto falava no evento, o presidente foi interrompido pelo protesto de uma mulher, que gritava “fora Bolsonaro”. “Tem todo o direito de falar ‘fora’. Vamos fazer silêncio para ela falar “fora Bolsonaro” sozinha. Deixa ela falar, fica à vontade. Tudo bem”, afirmou e, após breve pausa, prosseguiu com seu discurso.

O presidente lembrou a morte do pai, que completa 25 anos nesta quinta-feira. Segundo Bolsonaro, o pai era um homem que prezava pela a família e pelo conservadorismo. “Sabia que não seria fácil, como não está sendo, mas é uma missão. Eu carrego essa cruz juntamente com o povo de bem, povo que quer mudar destino da sua nação, e luto, assim como meu pai pela família”, disse.

O projeto urbano Porto Futuro, iniciado na gestão do presidente Michel Temer, em março de 2018, foi inaugurado com sete meses de atraso. A obra foi um pleito do atual governador do Estado, Helder Barbalho (MBD), quando ele era titular do Ministério da Integração Nacional. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, foram investidos R$ 34,5 milhões. O local, que passou anos abandonados pelas gestões municipais e estaduais, agora é um parque urbano com serviços de entretenimento, cultura e lazer.

O governador foi provocado por apoiadores de Bolsonaro, que gritavam “fora Helder” durante o evento. Helder não respondeu e falou em unidade entre os Poderes para o bem do povo. O emedebista tem se posicionado contra o presidente nas ações de combate ao coronavírus.

Estadão