Delegado da Copa diz que dossiê do governo é ilegal

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Foto: Pedro Ladeira

Responsável pela segurança da Copa de 2014 e da Olimpíada do Rio, o delegado da Polícia Federal Andrei Rodrigues classificou como desproporcional, desarrazoada e fora da lei a produção pelo Ministério da Justiça de relatório sobre grupos identificados como antifascistas. Ele se irritou com a comparação feita pelo ministro André Mendonça, de que documentos semelhantes foram elaborados sob seu comando. A diretoria de inteligência da pasta se reportava a Rodrigues entre 2013 e 2017, no governo Dilma.

Para a comissão mista de Controle da Atividade de Inteligência do Congresso, Mendonça deu exemplos de relatórios produzidos no governo Dilma Rousseff (PT) sobre a atuação dos black blocs entre 2013 e 2014. Também citou caso que envolveu o hoje deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), líder do MBL, na época em que defendia o impeachment da petista.

“Nos competia a produção de conhecimento para atividade de polícia judiciária, com controle externo, para auxiliar investigações, ainda que de forma preventiva. Não nos competia inteligência de estado. São coisas diferentes. A lei é clara sobre isso”, diz Rodrigues ao Painel.

“Divirjo de qualquer paralelo que possa ser feito. Posso dizer categoricamente que a atividade de inteligência que a gente fez não guarda relação com isso, de monitorar pessoas por matizes ideológicas. Até hoje a gente não sabe se os black blocs eram de esquerda ou de direita”, completa. Apesar das críticas, afirma não ter visto o relatório de agora.

“Nossos relatórios sempre tinham relação com algum crime investigado. E o de agora? Ser contra o fascismo não é crime. Fico espantado de ver o ministério produzir um documento dessa natureza, que não guarda relação com a lei”, diz. Antes de ser secretário extraordinário de Grandes Eventos, Rodrigues chefiou a segurança de Dilma nas duas eleições.

Redação com Folha