Deputada bolsonarista quer acabar com cota eleitoral feminina

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Foto: Reprodução

Aliada do presidente Jair Bolsonaro, a deputada Caroline de Toni (PSL-SC), apresentou no último dia 14 projeto de lei para acabar com a cota de 30% de mulheres que os partidos precisam cumprir na hora de lançar candidaturas para deputados ou vereadores. Seu principal argumento é de que a legislação não pode dar tratamento diferente a um cidadão por seu gênero.

“Se a maioria das mulheres não se interessa pela política, obrigá-las a concorrer não vai mudar essa realidade”, afirmou a deputada ao Estadão/Broadcast.

O partido da parlamentar, o PSL, é investigado por tentar burlar essa regra em ao menos dois Estados em 2018, quando Bolsonaro foi eleito pela sigla. Toni é identificada com as bandeiras do bolsonarismo, como a defesa da chamada “Escola sem Partido”. Em seu site, ela se identifica como “militante de direita há mais de dez anos e aluna do Olavo de Carvalho desde 2006”. A atual deputada é também ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). Em seu primeiro ano na Câmara, foi relatora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza a prisão após condenação em segunda instância.

No projeto, a parlamentar quer deixar partidos livres para definir o porcentual de candidaturas para cada sexo. Ela afirma ser “inegável que infelizmente apenas uma parcela muito pequena das mulheres, de fato, se interesse por desenvolver atividade político-partidária”.

Toni teve a maior votação entre as mulheres em Santa Catarina nas eleições de 2018. Foram 109.363 votos. O Estado elegeu outras três mulheres para a atual legislatura. A Câmara tem proporcionalmente a bancada mais feminina da história, com 77 deputadas, representando um aumento de 50% em relação ao mandato anterior (51). Assim, elas passaram a representar 15% do total de parlamentares. Entre as eleitas, 43 ocupam o cargo pela primeira vez. Um avanço creditado por especialistas à política de cotas. Mesmo com a mudança, Toni não acredita na efetividade da cota.

“O argumento usado para a criação da cota, de que ela aumentaria a representatividade da mulher na política, é falso, visto que diferentes mulheres possuem diferentes opiniões, as quais podem ser representadas por pessoas de ambos os sexos” disse.

Estadão