Doria reage a Bolsonaro: “governadores salvaram vidas”

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Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press

Quem preservou vidas diante da pandemia de covid-19 no país foram os governadores, e não o presidente da República. A avaliação é do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em entrevista ao CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, nesta terça-feira (11/8), ele afirmou que os governadores têm cumprido bem o seu papel, mas que não é possível dizer o mesmo sobre o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “negativista”.

“É injusto o relatório do governo responsabilizar os governadores pelas mortes e infectados por covid-19. Aliás, os números da ciência indicam que se não fosse pelos governadores, teríamos mais de 500 mil mortes. Bolsonaro sempre foi um negativista, dizia que era um resfriado, uma gripezinha. Ele afirmou isso várias vezes e continua assim, não usa máscara, não apoia o isolamento. Demitiu dois ministros que defenderam a ciência, o isolamento. Colocou um ministro interino que tem feito até um bom trabalho, mas já foi criticado por defender o distanciamento social. Quem ajudou a defender vidas foram os governadores, não o Bolsonaro”, disparou.

Doria também comentou sobre a proposta de reforma tributária apresentada pelo ministro da Economia Paulo Guedes. Para ele, não se trata de uma reforma tributária, e sim de um aumento de impostos. “Gosto do Guedes e o respeito, porque temos 35 anos de amizade. Mas eu não apoio qualquer iniciativa que signifique aumentar impostos. Bolsonaro prometeu que não faria isso. Em São Paulo, prometi que não faria isso e vou cumprir. Precisamos fazer uma reforma administrativa, reduzindo o tamanho do Estado, buscando investidores, desestatizando. O governo federal tem um bom ministro de infraestrutura, por que o Bolsonaro não se reúne com Guedes e Tarcísio de Freitas para colocar para frente essa iniciativa? Propostas como essa vão contar com nosso apoio, mas não as que visam aumentar impostos”, afirmou.

O governador disse também que seria correto por parte do governo tentar aprovar uma reforma administrativa junto à tributária. Ele defendeu que empresas como os Correios, no mundo moderno, não podem ser um monopólio do Estado. “Por que manter como estatal? Em outros países, é privado. Precisamos de competição para melhorar a qualidade dos serviços, diminuir os custos e tirar esse peso econômico. Não é necessário, no mundo moderno, que os Correios sejam um monopólio do Estado”, defendeu.

Doria comentou também sobre os testes de vacinas contra covid-19. Nesta terça-feira, a Rússia anunciou o registro da primeira vacina do mundo. Aqui no Brasil, há parcerias com a Universidade de Oxford e com a chinesa Sinovac Biotech para testagem e futura produção de vacinas. O Instituto Butantã, afirmou Doria, terá condições de produzir a CoronaVac (vacina chinesa) a partir de novembro. Ele defendeu que a vacina não deve ser politizada.

“Também somos favoráveis à vacina de Oxford. Se ela for também aprovada, melhor. Não queremos politizar vacina, todos os brasileiros devem ter acesso à ela. A vacina inglesa tem sido testada também e se for aprovada, melhor. Essa é a esperança de todos nós”, pontuou. Na semana passada, ao assinar a Medida Provisória que libera quase R$ 2 bilhões para a produção da vacina desenvolvida pela universidade inglesa em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, Bolsonaro desdenhou da imunização chinesa e atacou Doria.

O governador também falou sobre a possibilidade de ser candidato à Presidência em 2022. Ele revelou que não deseja disputar a reeleição para o governo de São Paulo e destacou que sempre foi contra a ideia de reeleição — defendendo, inclusive, uma mudança no sistema político para acabar com a prática. “Eu sou contra a reeleição. Quando disputei a prefeitura de São Paulo, eu já dizia que não seria candidato à reeleição. Não serei candidato à reeleição no governo. Defendo inclusive uma mudança no sistema político, mandato de cinco anos e sem reeleição. Mas 2022 está muito longe, nossa prioridade agora é vencer o coronavírus, salvar vidas e temos a recuperação econômica. Até 2022 é uma eternidade, há muito tempo pela frente”, arrematou.

Correio Braziliense