Inabilidade política impede governo de aprovar medidas no Congresso

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Foto: Bruno Kelly/Reuters

Cinco meses após a chegada do novo coronavírus no Brasil e com médias móveis diárias na casa dos 45.588,4 casos e 1.033,09 óbitos, já há informações suficientes para determinar que a Covid-19 é mais prevalente em determinados grupos de pessoas em comparação a outros. Sexo, idade, raça e rendimento são fatores que aumentam (ou diminuem) a probabilidade de desenvolver formas mais severas da doença e morrer em decorrência do vírus.

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde, que esquadrinham os óbitos por infecção do novo coronavírus até o dia 25 de julho, dão conta que homens estão em um número maior entre as vítimas fatais da doença, com 58,2% dos registros oficiais. Nessa época, o contador marcava para aproximadamente 86.970 vítimas fatais.

Como se falava desde o começo da pandemia, os idosos de fato estão entre os grupos que necessitam de atenção especial, pois são os que mais têm chances de morrer caso entrem em contato com a doença. O grupo de 70 a 79 anos é o terceiro em prevalência de internações (ou seja, não é o grupo onde há mais infectados), mas o primeiro quando se fala em mortes, com 25% dos números totais. Seguido de 60 a 69 anos, com 23,5% do contingente de registros.

Diferentes raças também apresentam desfechos distintos para infecções e mortes pela Covid-19. Pardos e pretos representam 40% das mortes totais relacionadas à doença. Brancos são 26% do total e amarelos 1%.

Em relação às comorbidades, os problemas de ordem cardíaca são os que aparecem no topo de registros entre as mortes. Do total de pacientes mortos por Covid-19 no Brasil, 39% tinham histórico de complicações no coração. Seguido por diabetes e problemas renais com 31% e 6,3% dos registros, respectivamente.

É possível dizer que o comportamento do vírus é parecido em outras localidades do mundo duramente afetadas pelo novo coronavírus. Nos Estados Unidos, país que acumula quase 4,5 milhões casos confirmados e quase 152.100 mortes pela doença, os mais afetados são os idosos e cardiopatas, assim como no Brasil.

Os dados mais recentes publicados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (da sigla em inglês CDC) apontam, por meio da análise de um pequeno grupo com 10.600 registros de óbitos ate 18 de maio, que os homens representam 60,6% das mortes. A faixa etária com maior mortalidade é de 74 a 85 anos, com 27,2% dos registros. Neste grupo, 60,9% apresentava problemas cardíacos, outros 39,5% sofriam de diabetes e outros 21% de doenças renais crônicas.

Quando comparadas as raças, os brancos têm 35% dos registros, a maior média percentual. Uma análise feita pelo instituto de pesquisas AMP research Lab, no entanto, oferece um estudo mais aprofundado: considerando a divisão racial do país, os negros são o que mais morrem pela doença. São 73,7 mortes a cada 100.000 habitantes em contraposição dos brancos, que têm média de morte por 100.000 habitantes na média de 32,4. Aqui, os números refletem a realidade do país até 21 de julho.

Outro país que têm dados parecidos é a Itália, também duramente afetada pela pandemia. O país registrou até hoje 247.158 diagnósticos positivos e 35.241 mortes. Lá, os homens representam 58% das mortes e a faixa etária com maior vítimas fatais da doença está entre os 80 e 89 anos, com 40% dos registros.

As doenças cardíacas também são as que mais inspiram preocupação. Para se ter uma ideia, pacientes com hipertensão representam 66% das mortes totais. Doença arterial coronariana acometia outros 27% das vítimas. Cabe ressaltar que 61,8% das mortes totais dizem respeito a pessoas com três ou mais doenças crônicas. Os dados são de analises epidemiológicas feitas até 22 de julho.

Um estudo realizado pelo Medida SP, um laboratório de análise de dados, apontou que o salário é também um fator determinante para as mortes na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com a análise, 66% dos óbitos ocorridos no entorno até 18 de maio, eram de pessoas que moravam em casas com rendimento médio mensal de 0 a 3.000 reais . Outros 21% são de pessoas que tinham rendimento em casa entre 3.001 e 6.500 reais. Já para as famílias que ganhavam 19.000 reais ou mais, as mortes representavam 1,1%.

Os achados vão no mesmo caminho que uma pesquisa publicada em maio pelo prestigioso Imperial College, de Londres. O estudo apontou que a infecção é mais severa entre as camadas mais pobres da sociedade. A estimativa que a taxa de mortalidade para quem não tem recursos como pia e sabão para lavar as mãos, um local de moradia que permita o isolamento social e hospitais é 32% mais alta.

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