Maia dá resposta sem sentido a Dilma

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Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reforçou nesta quarta-feira ser contrário ao avanço da criação de um novo imposto nos moldes da antiga da CPMF e voltou a cobrar o governo federal sobre envio de uma reforma administrativa.

“Novo imposto como a CPMF, eu vou votar contra independente da qualidade do imposto. Esse é um imposto ruim, porque ele gera muitas distorções na economia, então, atrapalha muito mais do que ajuda. A sociedade cansou de pagar impostos. Então, não há caminho que não seja reduzindo despesas. Se isso leva um pouco mais de tempo, nós temos que tentar acelerar as reformas do estado brasileiro”, afirmou Maia, em entrevista ao “Jornal da Manhã”, da rádio “Jovem Pan”.

Sobre eventual ofensiva para flexibilizar o teto de gastos, Maia repetiu a cobrança para que o governo federal encaminhe uma reforma administrativa.

“O governo tem que enviar a reforma administrativa. Tenho deixado isso claro. O governo tem que avançar rapidamente nos gatilhos do teto de gastos, na proposta que está no Senado, ou pedir que a Câmara retome debate da proposta do deputado Pedro Paulo. É preciso ter uma reforma administrativa para melhorar qualidade do serviço público e organizar um Estado que seja mais eficiente e que possa custar menos. São agendas urgentes. O que eu disse é que não me parece que o governo vá enviar nesse ano, nem no próximo. Acho que, dada a pandemia, não é uma questão de vontade, é uma questão de necessidade. Não vamos mexer no teto de gastos de jeito nenhum. Ou a gente discute as despesas ou não vamos ter a solução.”

Ao ser questionado sobre os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, o parlamentar do DEM voltou a dizer que ainda não viu “a motivação para a tomada de decisão a favor da abertura do processo”. “Eu e o presidente Bolsonaro temos apenas uma relação de respeito, mas de muitas críticas entre partes desde o início do governo dele. Mas não é por isso que vou usar a presidência da Câmara como esse instrumento.”

Maia mandou um recado aos parlamentares de oposição que o pressionam para acatar um dos pedidos de afastamento do chefe do Poder Executivo.

“Aqueles que criticam precisam escolher qual é a verdadeira narrativa do impeachment da ex-presidente Dilma. Ou foi golpe, ou não foi golpe. Se foi golpe, por que eles pressionam tanto pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro? A narrativa precisa ser melhor organizada. Então, de fato, houve crime da presidente Dilma e me cobram a minha decisão, porque na cabeça deles também há crime do presidente Bolsonaro? Essa questão é política. Dentro das variáveis para o julgamento político, eu não entendo que eu deva tomar uma decisão agora.”

Ele disse que não acatará pedido de impeachment “por ser pressionado por A, B ou por C”, lembrando que também sofreu pressão durante análise das denúncias contra o ex-presidente Michel Temer. De acordo com o presidente da Câmara, entre os pedidos de impeachment que ele já analisou, haveria indeferimento, o que abriria espaço para recurso e debate dentro do plenário, gerando obstáculos para a agenda de votações de projetos ligados ao combate a pandemia.

“Nós deixaríamos de tratar da pandemia como prioridade por uma decisão política. Assim, nós transformaríamos o plenário num conflito político permanente enquanto estamos perto de chegar a 100 mil morto pelo coronavírus”, disse Maia. “Eu sempre disse que não iria tratar desse assunto neste momento. Devemos cuidar dos projetos que podem minimizar os problemas pelo impacto do coronavírus”, completou.

Indagado sobre comentário da ex-presidente Dilma Rousseff de que ele “dança conforme a música”, ao ignorar os pedidos de abertura de processo de impeachment de Bolsonaro, depois de ter votado a favor do dela, o deputado do DEM disse que não foi o responsável pelo deferimento do pedido de afastamento da petista, acatado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

“Não fui eu quem deferi o pedido de impeachment dela. Ela está com um problema de marco temporal de informação. Eu não misturo as coisas”, disse Maia. “O que tinha de importante no governo dela, eu votei com o governo. Votei [a favor do] impeachment porque tinha convicção que era a decisão correta”, acrescentou.

Sobre a sucessão no comando da Câmara, Maia disse ser cedo para a discussão e que o debate deve engrenar após as eleições municipais, em dezembro. Afirmou ainda que todos têm legitimidade para concorrer e que “não tem motivos” para trabalhar contra nenhuma das pré-candidaturas.

Valor Econômico