Ministro diz que Bolsonaro está em “paz”

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Foto: Adriano Machado / Reuters

Após o presidente Jair Bolsonaro voltar a atacar jornalistas, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi ao Twitter anunciar que as polêmicas não terão mais chance no governo. “Conversei agora com o PR Jair Bolsonaro. Aviso aos torcedores do caos e do conflito diário: perderam. A paz continua”, disse o ministro que chegou ao governo em junho justamente com a missão de ajudar a melhorar a relação do governo Bolsonaro com a imprensa e o Congresso.

 

Auxiliares do Palácio do Planalto entusiastas da versão “paz e amor do presidente Jair Bolsonaro” lamentaram reservadamente a reação do chefe do Executivo que disse a um repórter de O Globo ter “vontade de encher sua boca com uma porrada”. A ameaça foi feita no domingo, 23, após ser questionado sobre os depósitos do ex-assessor Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle.

Interlocutores afirmam que, apesar do que foi considerado um “deslize”, é possível retomar o projeto do “Bolsonaro moderado”.

Pela manhã, no entanto, o presidente já havia deixado mais uma vez a moderação de lado e provocou jornalistas em evento sobre o coronavírus no Planalto. “Aquela história de atleta né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega (covid) num bundão de vocês a chance de sobreviver é bem menor”, disse.

Entre os assessores, o sentimento, segundo relatos ao Estadão, era de “frustração”, após por mais de dois meses ter mantido o presidente afastada das manchetes negativas provocadas pelas próprias declarações. Para eles, Bolsonaro caiu em uma “provocação” e é preciso que ele se prepare psicologicamente para lidar com situações consideradas adversas, no caso perguntas envolvendo o caso Queiroz e sua família

Bolsonaro e ministros admitiam que, após interromper as falas diárias no Palácio do Alvorada e ter passado a evitar o contato com a imprensa, o governo conseguiu diminuir a temperatura da crise e emplacar uma agenda positiva. O recorde da avaliação positiva de Bolsonaro desde o início da gestão, registrado pelo Datafolha, foi avaliado como um reflexo da mudança de comportamento.

A ameaça de Bolsonaro ao repórter repercutiu imediatamente nas redes sociais no domingo. Jornalistas, artistas e internautas passaram a repetir no Twitter a pergunta: “Presidente @jairbolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?”.

De acordo com o pesquisador Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudo sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo, o movimento começou por volta das 18h30 e chegou ao patamar de mais de 1 mil tuítes por minuto às 23h30.

Estadão