Nasa volta a desmentir Bolsonaro sobre Amazônia

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Gabriela Biló/Estadão

Nas últimas semanas, autoridades brasileiras – mais especificamente, o presidente da República e seu vice – vêm dando declarações em que minimizam e até omitem completamente qualquer papel do desmatamento nas queimadas amazônicas. As declarações, no entanto, não encontram respaldo no monitoramento nem nas análises feitas pela NASA, a agência espacial norte-americana, na região.

Em uma live promovida ontem (27), o Observatório do Clima conversou com o cientista Douglas Morton, chefe do Laboratório de Ciências da Biosfera da NASA, que há quase 20 anos acompanha os padrões de fogo na Amazônia. Morton falou sobre a nova ferramenta da agência, que permite classificar com muito mais precisão e sensibilidade as diversas características do fogo na natureza. Características que permitem, por exemplo, dizer quando trata-se de uma queimada de limpeza de um pequeno agricultor (ou mesmo de grandes pastagens) e quando são queimadas de desflorestamento.

Sem nenhuma surpresa, a maioria é do último tipo.

“A única queimada do mundo que não muda é desmatamento”, diz Douglas. “É uma pilha de madeira que não anda”. Ele explica que o fazendeiro faz a derrubada da mata e deixa a madeira no local para ser queimada. E é comum que o processo precise ser refeito várias vezes, até mesmo ao longo de anos. “Vamos detectar uma pilha de madeira queimando. Depois, fazem uma linha de madeira novamente para queimar. E aí qualquer pedacinho de maneira remanescente – tocos, raízes, qualquer pedacinho. E ao longo da época seca é possível vermos uma queimada dez, 15 dias no mesmo lugar. Só tem um padrão possível pra isso: desmatamento”.

Redação com Uol