Pandemia faz ações de bancos despencarem

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Foto: Gustavo Luizon/VEJA.com

Se os resultados dos bancos, que registram seus piores trimestres em anos, já não ajudaram muito o desempenho das ações das instituições na bolsa, hoje, em especial o mercado já está antecipando a votação do tabelamento dos juros do cheque especial e do cartão do crédito. As ações de bancos despencam na bolsa de valores de São Paulo, a B3. Os líderes de partidos no Senado decidiram que vão votar na quinta-feira, 6, o projeto de lei do Senador Álvaro Dias que prevê que até o fim de dezembro os bancos restrinjam a 30% a cobrança de juros das duas modalidades, retroativos a março, quando começou a pandemia. Pouco depois de o vice-presidente executivo do Itaú, Milton Maluhy, afirmar em teleconferência que o banco viveu o pior trimestre de sua história, veio a informação de que o Senado definiu o dia da votação do projeto. As ações do Itaú despencavam 6,5% até por volta da 13h. As do Bradesco 3,71% e do Santander 3,4%.

O Itaú tem a maior perda porque o mercado também reflete os resultados anunciados ontem, depois do fechamento. O banco teve uma queda de 40% no seu lucro no segundo trimestre. Bradesco e Santander já haviam divulgado lucros menores na semana passada. Os três grandes bancos viram seus lucros caírem cerca de 40% por conta da pandemia do coronavírus. Apesar dos índices de inadimplência dos bancos estarem caindo, isso só acontece porque as instituições puderam postergar o pagamento de dívidas para seus clientes em até 180 dias, sem precisar registrar em balanço. Mas as instituições estão se antecipando aos calotes e já registraram bilhões em provisões para compensar a inadimplência que virá. O registro de provisões afeta diretamente o lucro líquido. Só para se ter uma ideia, juntos, os três grandes bancos gastaram mais de 23 bilhões de reais só no segundo trimestre deste ano para fazer o colchão das perdas previstas com calotes. Quase 90% a mais do que ano ano passado.

E agora vão precisar lidar com o tabelamento do cheque especial e do cartão, caso o projeto passe no Congresso. O fato de entrar em votação é um risco grande. Na média, os juros do cartão de crédito estão em torno de 300% ao ano. O cheque especial está em torno de 130% ao ano, e mesmo assim porque o governo limitou os juros no ano passado a 8% ao mês dando a opção de cobrança de tarifa. Apesar de juntos as duas linhas de crédito representarem apenas cerca de 5% do total do crédito no país, os dois produtos representaram 20% da margem líquida dos ganhos com crédito para pessoa física em 2019, segundo o relatório do Banco Central.

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