PSDB resiste a aliança com Marta

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Foto: Reprodução

Em meio a negociações para ser vice na chapa de reeleição do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), a ex-prefeita Marta Suplicy (Solidariedade) buscou ontem o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Marta fez acenos ao PSDB sob a justificativa de articular nestas eleições uma frente ampla democrática com vistas a 2022, mas demarcou distância em relação ao PT e ao PSB. Dirigentes tucanos, no entanto, resistem a uma aliança com a ex-petista e criticam a herança deixada pela ex-prefeita.

Marta promoveu ontem um debate online com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para defender sua aproximação com o PSDB desde já, para aglutinar a oposição contra o presidente Jair Bolsonaro. A ex-prefeita e ex-senadora afirmou que sua intenção, neste momento, é “alinhavar o que puder para criar uma frente ampla”, que “lance uma luz com direção a 2022” contra Bolsonaro. Marta tem sinalizado a seu partido, o Solidariedade, que não será candidata a prefeita nesta eleição.

“Não vai ser na véspera da eleição de 2022 que vamos conseguir”, disse, sobre a construção de um programa de governo que una diferentes grupos políticos. “Deveríamos começar essas conversas para 2022. Está bem clara a necessidade de uma frente”, afirmou a ex-prefeita.

Marta, no entanto, indicou que neste momento não deve haver uma proximidade nem com o PT nem o PSB na capital paulista. Os dois partidos convidaram a ex-prefeita para ser vice e disputarão contra o PSDB na cidade.

A ex-prefeita criticou o isolamento do PT na capital paulista, com a pré-candidatura de Jilmar Tatto, e destacou a tentativa de o ex-governador e pré-candidato do PSB, Márcio França, de se aproximar de Bolsonaro. O ex-presidente tucano classificou como um erro a tentativa de França de se vincular a Bolsonaro.

Fernando Henrique afirmou que é “favorável a somar forças, mesmo nos casos municipais”. “Não pode deixar a democracia desaparecer. Estou disposto a ajudar aqueles que forem capazes de agregar”, disse FHC.

O ex-presidente defendeu que a frente democrática seja construída tendo como base a defesa da Constituição e do combate à desigualdade social. FHC afirmou que a grande dificuldade para essa união é “fulanizar” o debate, e disse que o candidato para 2022 deve conseguir “agrupar” e ter humildade. “Quem somar mais, pode levar. Quem não somar, não leva. Ninguém tem ilusão. Bolsonaro tem representatividade”, disse sobre o potencial do presidente.

Marta não deixou de fazer alguns acenos a integrantes do PT e elogiou o gesto feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada, ao afirmar que o partido poderá deixar de lançar candidato em 2022. Elogiou também declarações do governador da Bahia, Rui Costa, que defende uma ampla aliança, de diferentes setores sociais, para 2022.

O prefeito de São Paulo ainda não definiu quem será seu vice. O PSDB municipal defende que seja uma chapa “puro sangue”, com a indicação de uma mulher filiada ao partido, como a senadora Mara Gabrilli. O presidente do diretório municipal, Fernando Alfredo, reclama da gestão de Marta (2001-2004), que foi herdada por José Serra (PSDB) e alvo de duras críticas dos tucanos na época.

Valor Econômico