Adivinhe quem vai para a Funarte, após demissão

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Foto: Reprodução

O ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto, nomeou Lamartine Barbosa Holanda para exercer o cargo de presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Essa nomeação entrou em vigor ao ser publicada no “Diário Oficial da União” nesta segunda-feira.

Com isso, ele deverá assumir o cargo que era de Luciano da Silva Barbosa Querido, que antes havia trabalhado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. Lamartine é coronel do Exército brasileiro.

A Funarte tem como missão promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país. O órgão é responsável pelas políticas públicas federais de estímulo à atividade artística brasileira.

Holanda tem experiência em logística, é especialista em planejamento de ação estratégica e já presidiu a Câmara de Comércio Brasil-Albânia/RJ e fez curso de roteiro na Escola de Cinema de São Paulo. Em agosto do ano passado, Holanda esteve na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, junto com o deputado estadual Castello Branco (PSL), o superintendente do órgão, Roberto Simões Barbeiro, e o assessor especial Rodrigo Morais.

Como o jornal “Folha de S. Paulo” mostrou em setembro de 2019, o coronel reformado anunciou a realização de uma mostra de filmes militares para o mês seguinte. Segundo o deputado, aquela foi uma visita técnica, “com o objetivo de conhecer a instituição e sua missão”.

Já o webdesigner e bacharel em direito Luciano Querido, que até a última sexta-feira presidia a Funarte, havia sido oficializado no comando da fundação em julho passado. Querido já havia sido nomeado presidente substituto do órgão em maio. Em março, ele havia ingressado como diretor no órgão.

Em janeiro, o então presidente da fundação, o maestro Dante Mantovani anunciou que o órgão teria um orçamento de R$ 38 milhões para 2020. Mantovani é aquele segundo quem os Beatles surgiram para implantar o comunismo e o rock incentiva o sexo e a “indústria do aborto”.

Querido foi por 13 anos funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, onde participou dos primeiros passos da família no mundo digital -uma das principais aliadas na ascensão do presidente na vitoriosa eleição presidencial de 2018.

A “Folha “mostrou em maio que o longo vínculo com a família de Jair Bolsonaro foi encerrado em dezembro de 2017, após ser desautorizado pelo então deputado federal, por quem foi chamado de “elemento”.

Desde então, aliados da família temiam que Querido tivesse levado consigo arquivos e documentos que comprometessem o grupo do presidente, tanto sobre o dia a dia dos gabinetes como sobre as estratégias digitais usadas na pré-campanha.

Em março, porém, a preocupação da família com Querido se encerrou. Ele foi nomeado diretor do Centro de Programas Integrados da Funarte, com salário de R$ 10.373.

Depois, somou outros R$ 3.250 ao contracheque ao ser promovido a diretor-executivo da fundação. Dois dias depois, passou a exercer o cargo de presidente substituto do órgão (com salário de R$ 16.944), após a anulação da nomeação de Dante Mantovani. Agora, ele mantém o mesmo salário.

Querido conheceu Bolsonaro em 2002, quando foi contratado para fazer o material gráfico da campanha da família – era também a primeira eleição do senador Flávio Bolsonaro para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Querido chamou a atenção do presidente ao conseguir baratear o custo do material impresso, diminuindo o formato dos folders que distribuíam nas ruas. Em 1º de outubro daquele ano, foi nomeado no gabinete de Carlos.

Embora lotado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o ex-assessor prestava serviços para todos os gabinetes da família. Chegou até a frequentar o plenário da Assembleia ao lado de Flávio, então deputado estadual.

Com o surgimento das mídias sociais, teve a iniciativa de dar os primeiros passos digitais de toda a família Bolsonaro. Criou os perfis de Flávio, Carlos e Jair Bolsonaro nas redes e administrou, por algum tempo, grupos no Facebook e WhatsApp de apoiadores do grupo.

Após a eleição de 2014, quando o presidente foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro e já sonhava com a candidatura presidencial, o ex-assessor abriu páginas do presidente com o nome de cidades a fim de monitorar a popularidade de Bolsonaro em cada região.

A interlocutores disse ter criado e administrado cerca de 10 mil grupos no Facebook e WhatsApp por meio de diferentes perfis.

O avanço no meio digital chamou a atenção de Carlos, que passou a se interessar e comandar o setor.

Descrito como um ex-assessor ambicioso, Querido queria manter um papel de destaque e proximidade com o agora presidente. No início de 2017, propôs a Bolsonaro que fosse a Campo Grande mapear possíveis candidatos para a eleição do ano seguinte. Recebeu sinal verde para atuar a 1.400 quilômetros da Câmara carioca onde estava lotado.

Em Mato Grosso do Sul, participou de encontros com apoiadores se apresentando como o responsável pela estruturação da candidatura de Bolsonaro no estado, além da montagem de uma chapa para a Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

A movimentação do ex-assessor de Carlos incomodou alguns dos políticos locais que também tinham proximidade com Bolsonaro. Em outubro, chegou aos ouvidos do presidente que o ex-assessor estava pedindo dinheiro para sua pré-campanha. O presidente gravou um vídeo desautorizando a prática.

Bolsonaro foi alertado por pessoas próximas preocupadas com a forma traumática com que o ex-assessor deixou o cargo. Falavam na existência de um HD com informações sobre os gabinetes da família, informação nunca confirmada.

Um dos que expressaram preocupação para aliados do presidente foi Fabrício Queiroz, policial militar aposentado amigo do presidente, apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como operador da “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia do Rio.

A Secretaria da Cultura teve outra baixa, na área de direitos autorais. A mesma edição do DOU desta segunda traz a exoneração de Laércio Benko, que foi secretário de Turismo do Estado de São Paulo. Ele compunha a equipe do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e foi exonerado em 2017 poucos dias depois de Ricardo Salles, atual ministro do Meio Ambiente.

Valor Econômico