Biden responde a Trump visitando família de negro assassinado

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Foto: AFP/Archivos

O candidato democrata à Casa Branca Joe Biden fez uma visita privada, nesta quinta-feira (3), à família de Jacob Blake, o afro-americano gravemente ferido pela polícia de Kenosha, no Estado de Wisconsin, agressão que desencadeou uma série de protestos violentos na cidade. A decisão soa como uma resposta ao adversário republicano Donald Trump, que em sua visita à mesma cidade nesta segunda-feira (31), não fez qualquer contato com a família de Blake e nem ao menos citou seu nome em suas declarações.

Os jornalistas não puderam participar do encontro, que teve a presença dos advogados da família Blake. Biden não respondeu às perguntas sobre o assunto que lhe foram feitas ao chegar ao aeroporto de Milwaukee. De acordo com sua equipe, o ex-vice-presidente de Barack Obama conversa pessoalmente com o pai, duas irmãs e um irmão de Jacob Blake, enquanto a mãe da vítima participa do encontro por telefone. Blake continua hospitalizado e paralisado dos pés à cintura.

“Devemos curar as feridas”, afirmou Joe Biden nesta quarta-feira (2), em suas incansáveis declarações contra o “racismo institucional”, ainda que ele rejeite a violência nas manifestações.

As imagens de quando Blake foi agredido pela polícia em 23 de agosto reacenderam o movimento de protesto contra o racismo e a violência policial, que acabou por motivar três noites de confrontos em Kenosha. A tensão na cidade atingiu seu momento mais grave em 25 de agosto, quando Kyle Rittenhouse, um jovem de 17 anos, disparou com um rifle semiautomático contra três manifestantes, matando dois. A prisão do adolescente no dia seguinte instaurou uma calma precária.

Donald Trump se recusou a condenar as ações de Rittenhouse, acusado de assassinato premeditado.

Durante sua visita a Kenosha, uma cidade de 100 mil habitantes às margens do Lago Michigan, o presidente republicano, que faz do retorno da “lei e da ordem” sua grande mensagem de campanha, inspecionou as ruínas de lojas incendiadas, agradeceu a atuação da polícia e comparou as manifestações violentas ao “terrorismo doméstico”. Em sua campanha, Trump insiste na ameaça que representaria a vitória de seu opositor: “Com Biden, ninguém estará seguro”.

O candidato democrata, por outro lado, começa a adotar uma postura mais agressiva após meses de extrema cautela, e nesta segunda-feira (31), em passagem pelo estado da Pensilvânia, Joe Biden descreveu seu rival como um bombeiro incendiário, uma presença tóxica para os Estados Unidos.

A visita de Biden à Kenosha inaugura sua primeira grande viagem de campanha em meses, uma ação significativa para acelerar sua campanha a 60 dias da eleição presidencial americana.

Enquanto o candidato democrata permaneceu confinado em sua casa em Wilmington, no estado de Delaware, por semanas, se limitando a viagens de campanha pela região, seu rival Trump cruzou os Estados Unidos. E o presidente republicano não ficará para trás na noite desta quinta-feira, com um discurso previsto em Latrobe, em um outro estado importante, a Pensilvânia.

Marcada pela pandemia que ceifou mais de 180 mil vidas nos Estados Unidos, uma profunda crise econômica e uma onda histórica de intolerância ao racismo, a campanha para as eleições presidenciais de 3 de novembro combina fatores sem precedentes.

E, se Joe Biden está à frente do bilionário republicano nas pesquisas, o suspense continua em favor de pontuações mais apertadas nos principais estados, que fazem ou destroem as vitórias presidenciais nos Estados Unidos ao mudar de um partido para outro.

Senadores democratas pressionaram o Departamento do Tesouro, nesta quinta-feira (3), para que sancione pessoas e entidades russas por interferirem na campanha presidencial dos Estados Unidos, prejudicando seu candidato Joe Biden. Onze senadores pediram em uma carta ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, que imponha “imediatamente” sanções, e citaram um relatório de contraespionagem dos Estados Unidos sobre essa interferência.

“Já é hora de o governo enviar uma mensagem direta ao presidente (Vladimir) Putin: os Estados Unidos responderão imediata e energicamente à permanente interferência eleitoral”, diz a carta. Os legisladores exigem que Mnuchin, junto com os serviços de contraespionagem, identifique os russos envolvidos.

“Não existe virtualmente outra ameaça à segurança nacional do que a daqueles que querem prejudicar a confiança, a efetiva realização de nossas eleições democráticas”, escreveram. Os democratas ficaram contrariados pela aparente falta de atitude do presidente republicano e candidato à reeleição, Donald Trump, diante da suposta intromissão de Rússia, Irã, Coreia do Norte e China nas eleições americanas.

Os democratas temem que ocorra o mesmo que em 2016, quando a interferência da Rússia beneficiou Trump, de acordo com documentos de inteligência dos Estados Unidos. Uma carta de 7 de agosto revela que a China prefere que Biden ganhe a eleição presidencial de novembro, mas a Rússia trabalha contra isso. “A Rússia está recorrendo a diversas ações para difamar primordialmente o ex-vice-presidente Joe Biden e o considera o ‘establishment’ anti-Rússia”, afirma o documento.

Rfi