Bolsonaro falará à ONU em vídeo gravado

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 Foto: Reuters

O presidente Jair Bolsonaro discursa nesta terça-feira (22) na 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Em razão da pandemia do novo coronavírus, é a primeira vez que o encontro será por meio virtual. O discurso de Bolsonaro será exibido em vídeo, gravado na semana passada.

Em um momento de críticas internacionais à política ambiental no Brasil, com aumento nos registros de queimadas na Amazônia e no Pantanal, o discurso de Bolsonaro deve tratar da questão ambiental.

Desde 1949, cabe tradicionalmente ao representante brasileiro fazer o discurso inaugural do debate-geral da ONU. Nas últimas sete décadas, chanceleres e presidentes subiram à tribuna em Nova York para falar em nome do Brasil.

Esta será a segunda vez que Bolsonaro abre o debate geral. Segundo a agência de notícias da ONU, os vídeos gravados pelos líderes dos países têm duração de até 15 minutos (relembre mais abaixo como foi o primeiro discurso de Bolsonaro na ONU).

O debate geral se inicia às 10h (horário de Brasília) e, conforme o cronograma, após a fala de Bolsonaro, serão transmitidos os discursos dos presidentes Donald Trump (Estados Unidos), Tayyip Erdogan (Turquia), Xi Jinping (China) e Sebastián Piñera (Chile).

A ONU informou que, para reduzir risco de contaminação pelo novo coronavírus, cada país terá um representante no hall da assembleia, em Nova York.

Cerca de 200 pessoas ficarão no local, o que representa menos de 10% da capacidade do espaço.

Ao estrear na ONU, em 2019, Bolsonaro afirmou que o Brasil tinha “compromisso solene” com a preservação ambiental e defendeu a soberania do país na Amazônia. Um ano depois, o tema deve voltar a ter espaço na fala do presidente.

Para esta terça (22), a expectativa é que o presidente rebata críticas feitas à política de preservação ambiental do governo brasileiro, área em que, segundo ele, o Brasil é um “exemplo para mundo”, apesar do aumento do número de queimadas e desmatamento.

Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, Bolsonaro mostrará os “esforços” do Brasil no combate aos crimes ambientais.

“Lógico que o presidente vai tocar na Amazônia. Vai mostrar, em princípio, aquilo que nós estamos fazendo. Temos a criação do conselho, a Operação Verde Brasil 2, o esforço do governo no sentido de combater as ilegalidades. Não é simples, não é fácil, elas continuam a ocorrer, infelizmente”, disse Mourão na segunda-feira (21).

Na última sexta-feira (18), durante evento em Mato Grosso, um dos estados atingidos pelas queimadas, Bolsonaro falou sobre demarcação de terras indígenas.

“Os índios são nossos irmãos, são nossos parceiros, eles merecem a sua terra, mas dentro de uma razoabilidade. […] Nós não podemos sufocar aquilo que nós temos aqui, que tem nos garantido, não só a nossa segurança alimentar, bem como a segurança alimentar para mais de um bilhão de habitantes no mundo”, disse Bolsonaro na sexta.

Governos de outros países, empresários, investidores, ambientalistas, celebridades e organizações não governamentais criticam a política ambiental de Bolsonaro.

Na semana passada, oito países europeus alertaram que o desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros, e uma aliança entre ambientalistas e agronegócio cobrou medidas do governo brasileiro.

Nesta segunda (21), véspera do discurso de Bolsonaro na ONU, o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), disse que as críticas de “nações estrangeiras” sobre o desmatamento na Amazônia visam “prejudicar o Brasil e derrubar o governo Bolsonaro”. Heleno não citou nenhum país especificamente.

A pandemia do novo coronavírus será um dos temas abordados nos discursos dos chefes de Estado e de governo ao longo da assembleia geral da ONU.

Antes da abertura do debate geral, o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, afirmou a jornalistas que o encontro deste ano terá entre suas prioridades a recuperação dos países após a pandemia. Mudanças climáticas também estarão na pauta.

O debate geral ocorre em um momento em que o trabalho da Organização Mundial de Saúde (OMS) é criticado por líderes de países, entre os quais, Jair Bolsonaro e Donald Trump.

A expectativa é de que Bolsonaro aborde a pandemia no discurso, argumentando que o Brasil conciliou cuidados à saúde e à economia. O presidente reprova o isolamento social rígido e defende, há meses, a retomada das aulas e das atividades econômicas.

O Brasil é, nesta terça-feira, o segundo país com maior número de mortes por Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e terceiro em número de casos, segundo a universidade americana Johns Hopkins.

Na manhã desta terça, o Brasil tinha mais de 4,5 milhões de casos e 137 mil mortos, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

Em 2019, no primeiro discurso no debate geral da assembleia da ONU, Bolsonaro defendeu a soberania do Brasil na Amazônia e criticou “um ou outro país” por se portar “de forma colonialista”. Segundo ele, a floresta permanecia “praticamente intocada”.

O presidente também desaprovou a situação política da Venezuela e de Cuba. Bolsonaro declarou que se empenhava para que outros países não experimentassem o “nefasto regime” da Venezuela.

Na área econômica, o presidente destacou os acordos firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, além da agenda de concessões e privatizações do governo.

G1