Bolsonaro tentou politizar preço do arroz

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Foto: Elaine Granconato

O presidente Jair Bolsonaro jogou politicamente nesses últimos dias para tentar politizar o aumento do preço do arroz, terceirizar a responsabilidade do episódio e com isso tentar tirar o desgaste do seu governo. Segundo aliados, o sinal amarelo acendeu no Palácio do Planalto com os reflexos no aumento dos preços de produtos básicos, num momento de redução do auxílio emergencial.

A percepção interna no governo é que esses dois fatores poderiam afetar a popularidade do próprio Bolsonaro, justamente quando o governo atingiu a aprovação mais alta nas pesquisas. Por isso, mesmo contrariando a agenda liberal do governo e com informações técnicas que explicavam a elevação dos preços do arroz, o presidente atuou para repassar a responsabilidade para os supermercados.

Nesta quinta-feira (10), em transmissão ao vivo numa rede social, Bolsonaro afirmou que deu aval para o ministro da Justiça, André Mendonça, notificar os supermercados sobre a alta no preço do arroz. Antes, Bolsonaro chegou a fazer apelos públicos para que os donos de supermercados reduzam margens de lucro e abaixem os preços da cesta básica “por patriotismo”.

Aliados identificam no gesto um movimento semelhante ao que o presidente fez no início da pandemia, quando jogou a responsabilidade dos efeitos econômicos para governadores e prefeitos.

O grande problema é que, dessa vez, o presidente acabou desautorizando a própria equipe econômica e passou por cima das explicações técnicas do Ministério da Agricultura. Tudo isso causou uma saia justa. Até porque, antes da fala do presidente, a Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade, do Ministério da Economia, enviou ofício ao Ministério da Justiça pedindo informações referentes ao “monitoramento de preços de produtos básicos”.

O ofício foi enviado depois que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça e Segurança Pública notificou representantes de supermercados e produtores de alimentos para pedir explicações sobre o aumento no preço dos alimentos da cesta básica.

Nesta quarta-feira (9), a Senacon informou que os notificados terão cinco dias para explicar a alta nos preços do arroz, entre outros alimentos. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto. Sanzovo disse que os supermercados “não são vilões”.

A alta no preço de alimentos da cesta básica tem preocupado o governo, especialmente o arroz, que teve alta de 19,2% no ano.

G1