Boulos tem mais votos entre ricos que pobres

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Foto: Márcio Alves / Agência O Globo

Surpresa da largada da eleição paulistana, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, corre o risco de enfrentar na disputa deste ano o mesmo problema vivenciado em 2012 e 2016 pelo seu colega de partido no Rio, Marcelo Freixo. A pesquisa do Ibope divulgada no domingo mostrou que o líder dos sem teto tem entrada entre o eleitor de maior renda, mas dificuldade entre os mais pobres.

Apesar de frisar em seu discurso que, em um eventual governo do PSOL, a periferia será prioridade, Boulos tem apenas 2% das intenções de voto entre os eleitores que ganham até um salário mínimo e apenas 1% entre os que possuem o ensino fundamental. Já entre a parcela da população que recebe mais de cinco salários e possui ensino superior completo, Boulos soma 17% e 15%, respectivamente. São nos bairros mais afastados do centro de São Paulo que vive a maior população de baixa renda da cidade.

Quando disputou a prefeitura do Rio em 2012 e 2016, Freixo viveu uma situação semelhante. Apesar de fazer um discurso voltado para a população mais pobre que vive nos subúrbios cariocas, o então candidato do PSOL teve um desempenho pior nessas regiões e acabou perdendo a eleição. Em 2012, Freixo venceu apenas em uma zona eleitoral da cidade: a de Laranjeiras, na Zona Sul.

Quatro anos depois, ao enfrentar o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) no segundo turno, Freixo venceu em 26 das 97 zonas eleitorais, todas na Zona Sul e em bairros da Zona Norte mais próximos do centro. Ele chegou a ter 67% dos votos válidos em Laranjeiras, mas apenas 22% nos bairros de Cosmos, Paciência e Santa Cruz, na Zona Oeste.

— O PSOL em muitos aspectos lembra o PT em sua época de “adolescência”. Por um lado, este é seu charme, mas por outro pode pesar para o eleitor a falta de experiência e a percepção de que governaria por princípio e não pela capacidade de resolver problemas— diz Claudio Couto, cientista político e professor da FGV.

Presidente do PSOL, Juliano Medeiros atribui o fenômeno ao pouco tempo de história do partido, que acabou de completar 15 anos.

— O PSOL é mais conhecidos nos setores que vivem de perto a política. Somos um partido vinculado a universitários, funcionários públicos, movimentos feministas.

Integrantes da campanha de Boulos reconhecem que o candidato precisará expandir seu eleitorado na periferia para ter um bom resultado. Ele está em terceiro na corrida, com 8% das intenções de votos, atrás de Russomanno (Republicanos), com 24% e Bruno Covas, (PSDB) com 18%.

O Globo