Carência de vitamina D facilita infecção por coronavírus

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Foto: iStock/Getty Images

Um estudo publicado nesta quinta-feira, 3, no periódico científico JAMA Network Open concluiu que a deficiência de vitamina D está associada a um aumento do risco de infecção pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia surgiram indícios sobre a relação entre baixos níveis da vitamina e o aumento da probabilidade de desenvolvimento da Covid-19. Entretanto, de acordo com os autores, esse é o primeiro estudo que conseguiu avaliar a relação entre níveis da vitamina e o risco de infecção pelo novo coronavírus.

No estudo, pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, analisaram o resultado do teste RT-PCR e os níveis de vitamina D de 489 pessoas. Os resultados mostraram que aqueles com baixos níveis da vitamina tinham um risco 1,77 vezes maior de receber um diagnóstico positivo para a doença do que pessoas que tinham níveis mais altos do nutriente.

No entanto, de acordo com os próprios autores, a descoberta precisa ser avaliada com cautela, já que o estudo é do tipo retrospectivo e observacional. Os participantes tiveram seu nível de vitamina D aferido no ano anterior à realização do teste Covid-19. Então, para o estudo, os pesquisadores usaram resultados que já constavam em um sistema da faculdade de medicina. Isso significa que o trabalho apenas estabelece uma conexão entre os fatores, mas não necessariamente uma causa.

Ou seja, ainda é cedo para afirmar se um tratamento para aumentar o nível de vitamina D no organismo é capaz de reduzir o risco de infecção. “Estudos clínicos randomizados controlados com tratamentos para reduzir a deficiência de vitamina D são necessários para determinar se estas intervenções [com vitamina] podem reduzir a incidência de Covid-19, incluindo pesquisas com populações amplas e com grupos de particular risco para deficiência de vitamina D e/ou Covid-19”, ressaltam os autores.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores dividiram os participantes em grupos, de acordo com seu nível de vitamina D, sendo as possíveis classificações: provavelmente deficiente; provavelmente suficiente e outros dois grupos com deficiência indefinida.

Do total, 71 pessoas, o equivalente a 15% da amostra, testaram positivo para Covid-19. Entre os participantes com deficiência para vitamina D, 19% (32 participantes) testaram positivo, enquanto no grupo sem deficiência, o percentual foi de 12% (39).

A vitamina D é um hormônio que possui receptores em células do sistema imunológico. Estudos clínicos anteriores, mostraram que a suplementação dessa vitamina, que é obtida de forma natural pela exposição solar e pela alimentação, pode reduzir a probabilidade de adoecimento.

Embora ainda sejam necessários mais estudos para comprovar a associação entre maiores níveis da vitamina e a proteção contra a Covid-19, a equipe da Universidade de Chicago, acredita que a vitamina D desempenha um papel importante no sistema de defesa do organismo.

“A vitamina D modula a função imunológica por meio de efeitos nas células dendríticas e nas células T, que podem promover a eliminação do vírus e atenuar as respostas inflamatórias que produzem os sintomas. Na medida em que previne a infecção, diminui a replicação viral ou acelera a eliminação do vírus, o tratamento com vitamina D pode reduzir a transmissão (da doença). Por outro lado, se a vitamina D reduz a inflamação, ela pode aumentar a transmissão assintomática e diminuir as manifestações clínicas, incluindo a tosse, tornando difícil prever seu efeito na disseminação do vírus”, conclui o artigo.

Especialistas pedem cautela na interpretação dos resultados e na suplementação da vitamina D sem acompanhamento médico. “O que está demonstrado é que a vitamina D tem um papel de melhora do sistema imunológico e que ela é indicada, obviamente com acompanhamento médico, ao grupo que está com o nível baixo. Não adianta repor a substância em pessoas que apresentam níveis normais, achando que isso pode proteger contra a doença.”, ressalta a endocrinologista Lívia Lugarinho Corrêa, especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia do Rio de Janeiro (Iede).

A luz natural é essencial para a produção de vitamina D. A melhor forma de aumentar o nível da substancia no organismo é pela exposição ao sol. O consumo de alimentos como salmão, sardinha, queijo, gema de ovo e bife de fígado, também são podem ajudar.

No inverno e durante uma pandemia, de fato é mais difícil tomar sol. Lívia reforça que o hábito é importante e recomenda uma exposição em janelas, varandas e quintal. Mesmo que ainda não haja comprovação que estar com o nível de vitamina D em dia pode proteger contra a Covid-19, a substância também é importante para evitar doenças ósseas e musculares e para reduzir o risco de depressão.

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