Desunida, esquerda pode enfrentar novo 2016

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Foto: Marcelo Casagrande

Após tentativas fracassadas de formar uma frente ampla, a esquerda chega às eleições municipais de Porto Alegre dividida entre as candidaturas de Manuela d’Ávila (PCdoB), Fernanda Melchionna (Psol) e Juliana Brizola (PDT). A fragmentação aumenta as chances de que este ano repita o desfecho de 2016, quando o voto da esquerda se dividiu entre Luciana Genro (Psol) e Raul Pont (PT) e nenhum dos dois candidatos chegou ao segundo turno – que acabou disputado entre PSDB e MDB.

Neste ano, o PT abriu mão da cabeça de chapa – algo inédito na história do partido em Porto Alegre – para indicar o ex-ministro Miguel Rossetto como vice de Manuela. A dobradinha, no entanto, empurrou o Psol para fora da chapa e minou qualquer possibilidade de acordo com o partido. “É uma pena que o PT e o PCdoB enterraram a possibilidade de ter uma unidade em Porto Alegre”, lamenta Fernanda.

Segundo a deputada federal, o Psol propôs um processo de prévias em que caberia à população decidir os candidatos, mas o processo não foi aceito pelo PT e o PCdoB. “Impuseram o seu candidato a prefeito, a vice e o seu programa, como parte de uma lógica de se achar a bolachinha mais recheada do pacote. Não se dão conta que a rejeição deles é maior que a rejeição ao Bolsonarismo, como foi em 2018”, critica.

Juliana Brizola entende a candidatura própria como uma forma de fortalecer os candidatos do PDT à Câmara de Vereadores e impulsionar a candidatura de Ciro Gomes à Presidência em 2022. Mesmo assim, garante que estaria aberta a discutir uma frente de esquerda, não fosse a atitude do PT impôr a indicação do vice de Manuela. “Chega um momento em que os partidos que se coligam com o PT ficam um pouco cansados de apenas empurrarem o caminhão. O PT acabou sendo um grande desagregador na formação desta frente aqui em Porto Alegre”, diz a deputada estadual.

Maria Celeste, presidente do PT em Porto Alegre, argumenta que abrir mão da cabeça de chapa já foi uma grande concessão do partido para concretizar uma união das esquerdas. Segundo Celeste, um fator determinante para as diversas candidaturas próprias, inclusive entre os partidos de direita, é o fim das coligações para o cargo de vereador.

“Todos os partidos têm preocupação com a sua sobrevivência e o bom desempenho nas eleições à Câmara Municipal, e ter uma candidatura à majoritária ajuda nas eleições proporcionais”, avalia.

Manuela respondeu às perguntas através de sua assessoria de imprensa. A candidata nega que a esquerda tenha fracassado na tentativa de formar uma frente ampla. “O fracasso é do outro campo que até agora não conseguiu se organizar, que não sabe quem é o candidato que representa, que não sabe se o prefeito sequer terá condições jurídicas de disputar a eleição. Nós estaremos juntas no segundo turno”, afirma.

A mais recente pesquisa eleitoral, realizada pela Paraná Pesquisas, mostra Marchezan em primeiro lugar, seguido de Manuela d’Ávila. Em um dos cenários, o tucano aparece 6 pontos percentuais à frente da candidata do PCdoB. Em outro cenário, a distância aumenta para 8 pontos. A pesquisa ouviu 802 eleitores por telefone entre os dias 19 a 23 de junho de 2020.

Valor Econômico