Ditador da Belarus prendeu ou expulsou opositores

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Foto: SERGEI GAPON / AFP

Desde as contestadas eleições bielorrussas do último dia 9 de agosto, o presidente Alexander Lukashenko enfrenta uma pressão sem precedentes para abandonar o cargo que ocupa há 26 anos. Manifestações diárias tomam o país, sendo reprimidas com violência pelas forças de segurança, enquanto figuras da oposição são perseguidas pelo governo daquele que é conhecido como o “último ditador da Europa”.

Nesta terça, Maria Kolesnikova, importante nome contrário ao governo, foi presa na fronteira com a Ucrânia, após ser supostamente se recusar a deixar a Bielorrússia. Com sua detenção, apenas dois dos sete integrantes do Conselho de Coordenação, órgão criado pela candidata de oposição Svetlana Tikhanovskaya para coordenar a transição de poder no país, permanecem em liberdade na Bielorrússia. Entenda:

A ganhadora do Nobel de literatura de 2015, famosa por suas obras que recontam a história de tragédias por meio de narrativas orais de sobreviventes, ocupa um papel mais simbólico no conselho. No dia 26 de agosto, ela foi convocada para depor no âmbito da investigação criminal sobre as atividades do conselho, mas reservou-se ao silêncio. Críticos contumazes do regime, Aleksiévitch e Maxim Znak são os únicos dois integrantes do órgão que permanecem em liberdade e na Bielorrússia.

Dylevsky trabalhava, até agosto, como metalúrgico na fábrica de tratores MTZ, em Minsk. Após as eleições, no entanto, ele se tornou um dos líderes do movimento opositor ao liderar greves e marchas da classe operária, até então espinha dorsal do regime. Em 21 de agosto, foi interrogado ao lado de Maxim Znak e, quatro dias depois, foi preso pelas forças de segurança ao lado de Olga Kovalkova na planta da MTZ e sentenciado a dez dias de prisão, prazo posteriormente prorrogado para mais 15 dias.

Um dos principais nomes da oposição bielorrussa, Kolesnikova é a única integrante do trio de mulheres que liderou a campanha eleitoral contra Lukashenko a permanecer na Bielorrússia, após Svetlana Tikhanovskaya e Veronika Tsepkalo serem forçadas a abandonar o país. Na segunda-feira, a advogada foi sequestrada em Minsk e posta em uma minivan. Ela ficou desaparecida até as primeiras horas de terça, quando foi detida na fronteira com a Ucrânia. Segundo Kiev, Kolesnikova teria rasgado seu passaporte para não ser forçada a abandonar a Bielorrússia, como aconteceu com dois colegas que a acompanhavam — para ela, permanecer no país é fundamental para que se conheça sua situação real.

Representante e porta-voz de Tikhanovskaya, a advogada Olga Kovalkova buscou abrigo na Polônia, no dia 5, onde está acompanhada por seus filhos e marido. Ela havia sido presa no último dia 25, ao lado de Dylevsky. Lá, foi informada por autoridades que ficaria sujeita a “prisões infinitas” se continuasse no território bielorrusso. Segundo Kovalkova, ela foi tirada da prisão com chapéu e máscara, e posta em posição horizontal no banco de trás de um carro, para que não visse onde estava. Ela foi levada até a fronteira, de onde seguiu para Varsóvia.

Ex-ministro da Cultura (2009-2012), Latushko chefiava até agosto o principal teatro da Bielorrússia, mas foi demitido em agosto em razão de seu apoio à mobilização antirregime. Ex-embaixador na França e na Polônia, ele também foi interrogado pelas forças de segurança. Na semana passada, ele foi para a Polônia, onde se reuniu com autoridades, e para a Lituânia, encontrando-se com Tikhanovskaya. De início, o ex-ministro disse que a viagem seria temporária, mas sob vigilância constante da KGB, afirmou ter recebido um ultimato: se permanecesse em Minsk, seria alvo de um inquérito.

Uma proeminente advogada e mediadora internacional, Vlasova foi detida no dia 31 de agosto. Ela havia sido convocada para prestar esclarecimentos no Departamento de Assuntos Internos sobre sua participação nos protestos. A unidade policial responsável por crimes financeiros realizou buscas na sua casa e interrogou seus parentes.

O advogado é, ao lado de Aleksiévitch, um dos dois integrantes do conselho ainda em liberdade na Bielorrússia. Em 21 de agosto, dia seguinte à abertura do inquérito contra o grupo, ele foi convocado para depor ao lado de Dylevsky, mas foi solto em seguida. Ele deu entrada em uma contestação formal do resultado da eleição.

O Globo