Fazenda não explica novo programa social

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Roque de Sa/Agencia Senado

Em audiência ontem na Comissão Mista do Congresso que acompanha as medidas para fazer frente à covid-19, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, afirmou que o teto dos gastos continua sendo a prioridade do governo, mas que uma nova proposta para renda mínima está sendo discutida e será apresentada “no tempo devido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com indicação das fontes de financiamento”. A lacônica resposta foi depois de alguns dias submerso por conta do “cartão vermelho” do presidente Jair Bolsonaro, por defender mudanças no reajuste de aposentadorias para financiar a criação de um programa de renda mínima.

Ele observou, também, que está em estudo a possibilidade de taxar grandes heranças, no âmbito da reforma tributária. “É um assunto que está sendo analisado. Os planos do governo para a saída da crise estão sendo detalhados”, reforçou. Waldery disse que Guedes está tratando de forma “serena e transparente” a questão da redução de despesas, que poderá ser feita para bancar um novo programa de renda mínima.

“O líder (do governo na Câmara) Ricardo Barros e o ministro Guedes comunicarão as soluções. E eles falaram de forma muito precisa que as discussões estão se dando de forma muito serena e direta para não haver divergências”, esquivou-se.

Waldery adiantou que a equipe econômica revisou projeções e espera um rombo ainda maior nas contas públicas em 2020. A estimativa para o deficit primário do setor público passou para R$ 895,8 bilhões (12,5% do PIB), ante previsão anterior de R$ 891,1 bilhões (12,4% do PIB), feita no início do mês. Para o governo central, o deficit estimado agora é de R$ 871 bilhões (12% do PIB), ante projeção anterior de R$ 866,4 bilhões (12,1%).

Também foram apresentadas novas estimativas para o endividamento público. A expectativa é de que a dívida bruta do governo geral fique em 93,9% no cenário base (PIB em -4,7%), chegando a 96,2% no pior cenário (PIB em -6,7%). Já a dívida líquida do setor público pode variar de 67,8% a 69,5% do PIB.

“O Brasil está zelando por cada R$ 1 gasto, porque significa endividamento. No enfrentamento à pandemia, estamos na frente tanto de países desenvolvidos quanto de emergentes”, destacou. Para Waldery, a maioria dos setores da economia brasileira apresentam uma “recuperação em V”, com exceção do setor de serviços, que tem recuperação mais lenta. Ele ressaltou que o aumento de investimentos deve vir pelo setor privado, já que há pouco espaço no Orçamento público para isso. “Não existe política de investimento sustentável sem fiscal robusto”, afirmou.

Correio Braziliense