Igreja Universal pode ter lavado dinheiro no Rio

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Foto: ANTONIO CRUZ/ABR

A investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que denunciou a existência de um “QG da Propina” na prefeitura da capital fluminense investiga se dinheiro de propina pode ter sido lavado em empresas da Igreja Universal do Reino de Deus. O prefeito Marcelo Crivella, candidato à reeleição, é bispo licenciado da instituição.

O Jornal Nacional, da Globo, mostrou trechos da investigação. A emissora mostrou que um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) apontou que a igreja “foi objeto de comunicação em razão da identificação de movimentações financeiras de R$ 5.902.134.822,00”, entre o dia 5 de maio de 2018 e 30 de abril de 2019.

Nos documentos mostrados não há detalhes de como funcionaria a suposta lavagem de dinheiro. Mas o subprocurador-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do MP-RJ, Ricardo Ribeiro Martins, diz que há várias provas colhidas, entre elas: “as bilionárias movimentações atípicas” da IURD, a “notória vinculação” de Crivella com a igreja e o “envolvimento de Mauro Macedo na trama criminosa”.

Mauro Macedo seria o representante de Crivella no esquema. Ele é primo de Edir Macedo, o fundador da IURD, e trabalhou para Crivella na campanha para a prefeitura. Seu papel no “QG” seria o de aliciar empresas interessadas em pagar propina por contratos.

Também aparecem na investigação mensagens de um conselheiro informal de Crivella, sem cargo na prefeitura. No começo de 2018, segundo o JN, Rafael Alves enviou mensagens a interlocutores dizendo que seria capaz de revelar às autoridades “todos os esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro que ocorrem no governo”, com a “direta participação de Marcelo Crivella, sua família e a igreja, em expressa alusão à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd)”.

Em nota, a Igreja Universal do Reino de Deus disse que não foi legalmente citada sobre as denúncias e que ignora a existência do documento relativo a elas. E classificou de imoral o que chamou de vazamento de informações por autoridades sem que a parte envolvida saiba da investigação. Diz ainda que toda sua movimentação financeira é “completamente lícita” e declarada aos órgãos competentes.

O prefeito Marcelo Crivella declarou que não há nada no processo que descreva qualquer ato ilícito praticado por ele. Disse ainda que nada foi encontrado nas buscas em sua casa, no gabinete, em banco ou no celular.

A defesa de Rafael Alves informou que ele refuta as acusações, que chamou de precipitadas e disse que tenta, há mais de nove meses, prestar esclarecimentos ao Ministério Público, mas não teve essa oportunidade.

Metrópoles