Inflação medida pelo IPCA tem previsão de alta

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Foto: Kaio Lakaio/VEJA

O aumento dos alimentos e a pressão dos preços no atacado jogaram luz à preocupação com a inflação. Com quedas seguidas durante o período mais agudo da crise de novo coronavírus, a reabertura gradual das atividades e o reaquecimento do consumo refletiu no indicador. Pela sexta semana seguida, analistas do mercado financeiro revisaram para cima a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo dados do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 21, a inflação deve encerrar o ano em 1,99%, ligeiramente superior ao previsto na semana passada, de 1,94%. O valor está abaixo da meta definida pelo governo, de 4% neste ano, e também abaixo da tolerância da meta, que varia entre 2,50% e 5,50%. Apesar disso, as revisões consecutivas ligam o alerta para a pressão inflacionária na retomada. No desafio da recuperação econômica, é preciso ligar com o controle inflacionário, para que o fantasma tão conhecido pelos brasileiros não ressurja.

O que faz com que a alta dos preços sentida na cesta básica não faça com que a previsão para a inflação dispare é o relativo controle dos preços nos núcleos. Gastos relacionados a serviços e educação estão menos voláteis, reflexo da desaceleração provocada pela pandemia, mesmo com a retomada gradual das atividades em todo o país. Mesmo com a aceleração, o mercado não espera alteração na política monetária do Banco Central, que manteve a taxa Selic em 2% para este ano.

Apesar do alerta que a inflação provoca, a projeção para o desenvolvimento da economia melhora semana após semana. Segundo os economistas consultados pelo Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve fechar o ano em -5,05%, contra -5,12% na semana passada. A projeção é a melhor desde maio. Com as melhoras consecutivas na projeção, a cada semana fica mais claro que a fase mais aguda da crise provocada pelo coronavírus ficou para trás na economia.

Após 18 semanas de revisões para baixo, acompanhando a escalada do novo coronavírus no Brasil, as projeções do PIB que chegaram a -6,54%, passaram por estabilização em junho e as previsões do PIB passaram a melhorar em julho e agosto com a reabertura gradual das atividades. Os dados do Focus não indicam uma recuperação em “V”, jargão econômico para mostrar uma volta rápida, mas, mesmo com a revisão desta semana, há indicativo de recuperação da economia, mesmo que lenta. Alguns setores, entretanto, mostram retomada mais rápida, como o comércio, beneficiado diretamente pelo auxílio emergencial.

Vale salientar, porém, que a recessão é significativa e atinge o país no ano em que se esperava uma reação da economia, que dava sinais de recuperação da crise vivida entre 2015 e 2016. No início do ano, a expectativa do mercado financeiro era de que a economia brasileira crescesse 2,3%, acima dos desempenhos de 2017 e 2018 (+1,3%) e 2019 (1,1%).

A expectativa do mercado para projetar o crescimento da economia para os próximos anos, é a retomada da agenda reformista. Na semana passada, o governo enviou a reforma administrativa ao Congresso Nacional. Atualmente, a previsão do PIB para 2021 e 2022 continua estável em 3,50% e 2,5%.

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