Inflação na comida cai como bomba sobre pobres

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Foto: Brenno Carvalho

As famílias com mais dificuldade para garantir alimentos em quantidade e qualidade a todos os seus membros, na faixa de insegurança alimentar grave, são as que mais sofrem com o peso da alta da cesta básica. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, referente a 2018, os lares com insegurança grave gastavam, em média, R$ 297,27 por mês com alimentação. O gasto com arroz representava 5% (R$ 15,01) do total, enquanto feijão respondia por 2,57% (R$ 7,65).

Carnes e pescados pesam 21,9% no orçamento (R$ 65,12) das famílias que podem chegar a passar fome, enquanto laticínios representam 7,2% (R$ 21,69).

Já nos lares cuja alimentação é garantida tanto em quantidade quanto em qualidade, o gasto com alimentação mensal é, em média, de R$ 479,93. Deste total, os gastos com arroz e feijão pesam, respectivamente, 2,35% (R$ 11,32) e 1,1% (R$ 5,33) do orçamento.

O peso dos alimentos básicos é um problema recorrente e atual. Em agosto deste ano, os preços dos alimentos subiram 0,78%, enquanto o índice geral de inflação avançou apenas 0,24%. No acumulado do ano, enquanto a inflação sobe 2,44%, alimentos e bebidas têm alta de 4,91%. Itens como arro, feijão, leite e óleo tiveram disparada nos preços recentemente, preocuando o consumidor e, especialmente, as famílias mais pobres.

Nas famílias com segurança alimentar, o peso da carne no orçamento para alimentação é de 19,7% (R$ 94,98). Os laticínios representam 11,1% (R$ 53,30) dos gastos com alimentação deste grupo.

Conforme a dificuldade para conseguir comida em quantidade e qualidade para os membros do lar vai se intensificando, menor é o consumo de frutas e derivados do leite. A POF mostra que o consumo domiciliar anual per capita de frutas era de 33 quilos nos lares com segurança alimentar. Nos domicílios com insegurança alimentar grave, 11,2 quilos.

No caso das carnes, 23,1 quilos anuais por pessoa em residência com segurança alimentar contra 14,4 quilos nos lares com insegurança grave.

O consumo de laticínios desponta como um dos mais díspares. Em lares com segurança alimentar, o consumo per capita anual gira em torno de 38 quilos, contra apenas 14,2 quilos nos lares com insegurança grave.

O Globo