Lava Jato de SP acusa bagrinhos e poupa tucanos

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Foto: JF Diorio/Estadão

A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo denunciou nesta terça-feira, 29, Paulo Vieira de Souza e Mario Rodrigues Junior, ex-diretores da Dersa, e outras três pessoas pela lavagem de US$ 10,8 milhões (mais de R$ 60,7 milhões, pelo câmbio atual) em propinas recebidas no âmbito de obras viárias realizadas nas gestões dos tucanos Geraldo Alckmin (2001 – 2006) e José Serra (2007 – 2010). Os ex-governadores paulistas não são alvos da denúncia.

Este é um dos últimos atos da força-tarefa bandeirante que, também nesta terça, se desliga maciçamente do grupo de trabalho por discordância com a procuradora Viviane Martinez, coordenadora da Operação em São Paulo. Nos bastidores, a percepção é a de que a denúncia foi apresentada para tirar o caso das mãos da chefe, acusada pelos procuradores de conduzir um ‘processo de desmonte’ da Lava Jato.

Foram denunciados:

Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa;

José Rubens Goulart Pereira, sócio da Galvão Engenharia e ex-diretor da Andrade Gutierrez;

Cristiano Goulart Pereira, irmão de José Rubens;

Mario Rodrigues Junior, ex-diretor da Dersa;

Andrea Bucciarelli Pedrazzoli, ex-mulher de Mario Rodrigues.

A denúncia é desdobramento das investigações que trouxeram a público a existência de um cartel de empreiteiras formado para fraudar licitações, dividir lotes de obras e maximizar lucros com anuência do poder público, segundo a Lava Jato. Os investigadores apontaram suspeitas de irregularidades na construção do Rodoanel, que circunda a região metropolitana paulistana, na ampliação da avenida Jacu Pêssego e na duplicação das marginais Pinheiros e Tietê.

Nesta etapa, a força-tarefa mirou as estratégias usadas pelos ex-diretores da Dersa para lavar o dinheiro recebido a título de ‘comissão’ em troca da articulação e interlocução entre construtoras e membros do governo. Segundo os procuradores, Mário Rodrigues Júnior e Paulo Vieira de Souza usaram contas mantidas na Suíça e abertas em nome de offshores para receber pagamentos ilícitos do Grupo Galvão Engenharia feitos entre os anos de 2005 e 2009 e operacionalizados por José Rubens Goulart Pereira, então diretor do conglomerado, com a ajuda de seu irmão, Cristiano Goulart Pereira.

“Profissional do mercado financeiro suíço, Cristiano Goulart Pereira atuava como representante dos ex-diretores da Dersa na movimentação das contas no país europeu e facilitava as transações ilícitas. Os investigadores identificaram que Cristiano, Mário Rodrigues e Paulo Vieira mantinham contas no banco Bordier & Cie, todas abertas em nome de offshores geridas por uma mesma pessoa jurídica, a Del Toboso Trust Co. S.A..”, afirma a Lava Jato.

Completa a lista de denunciados a então mulher de Mário Rodrigues, Andrea Bucciarelli Pedrazzoli, acusada de receber parte dos recursos transferidos ao marido.

Estadão