Ministro de Trump faz inveja aos de Bolsonaro

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Foto: SAM HODGSON / Sam Hodgson/The New York Times

Uma transmissão ao vivo no Facebook mostrou o lado conspiracionista do secretário assistente de Assuntos Públicos do Departamento de Saúde dos EUA. Neste domingo, Michael Caputo acusou cientistas e especialistas em saúde pública de agirem contra a estratégia do presidente Donald Trump na pandemia, algo que já havia feito em outras ocasiões, mas incluiu na sua bateria de ataques a oposição democrata. Segundo ele, estão sendo montadas “milícias armadas de esquerda”, que têm o objetivo de impedir a vitória de Trump na eleição de novembro.

— Quando Donald Trump se recusar a ceder na posse, o tiroteio vai começar. Os eventos que vocês viram até agora não são nada. Se você carregar armas, compre munições, senhoras e senhores, porque vai ser difícil de conseguir — disse Caputo, que tem cerca de 5 mil seguidores na rede social. Para ele, a morte de um manifestante pró-Trump em Portland, no mês passado, foi um “ensaio” para uma insurreição armada da esquerda.

No cargo desde 2018, a função do secretário é cuidar da comunicação com os cerca de 80 mil funcionários do departamento, incluindo muitos dos cientistas que trabalham em ações contra a Covid-19. Isso não impediu, contudo, que fizesse acusações contra as pessoas com as quais se comunica diariamente. Para Caputo, muitos especialistas “desistiram da ciência e se tornaram animais políticos”, dizendo, sem provas, que agem para sabotar a política do governo por razões ideológicas.

— Há cientistas que trabalham para esse governo que não querem que os EUA se recuperem, pelo menos não até que Joe Biden seja o presidente — declarou o secretário assistente.

Os comentários vieram pouco depois de uma série de reportagens na imprensa americana mostrando como o departamento de Caputo manipulou relatórios do Centro de Controle de Doenças sobre a pandemia, que originalmente traziam números que colocavam em xeque o discurso oficial de que a Covid-19 estava sob controle.

Na transmissão, disse que estava sendo cercado pela mídia, e, como todo bom teórico da conspiração, afirmou estar sendo ameaçado desde que assumiu o cargo. Como nas demais alegações, não mostrou qualquer prova dessa perseguição. Apesar das acusações e da transmissão, ele espera continuar no posto porque “é apoiado por Trump”

— Não vou a lugar algum. Juro por Deus, e Deus é minha testemunha. Não vou parar.

O Globo