Petistas não se opõem a continuidade de Alcolumbre

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Foto: Reprodução/ Twitter

Além do apoio do governo à sua reeleição, explicitado pelas posições da AGU e da PGR, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também terá respaldo de uma parcela importante da oposição, mais notadamente do PT.

O respaldo a Alcolumbre é praticamente um consenso na bancada do partido. Nas palavras de um interlocutor, não há nenhuma resistência dentro da legenda à permanência do presidente do Senado no cargo.

A razão do apoio é o erro estratégico do último pleito. Na ocasião, o PT apoiou o senador Renan Calheiros (MDB-AL) contra Alcolumbre, mas o emedebista acabou desistindo da disputa ainda durante a apuração dos votos no plenário. “A aventura de apoiar Renan Calheiros foi um desastre. Ele desistiu e deixou o PT com a brocha na mão”, explica uma fonte da sigla.

Na tumultuada eleição realizada em fevereiro de 2009, Renan foi alvo de pressão intensa dos senadores novatos no Senado, que prometeram abrir o voto como forma de constrangê-lo, além do próprio governo federal, interessado na vitória de Alcolumbre.

Os integrantes do PT admitem certo incômodo com o fato de Alcolumbre ser um quadro do DEM e, ao mesmo tempo, ter o apoio do governo Jair Bolsonaro, mas, por outro lado, veem seu nome como o “menos pior” no cenário atual. O cálculo da sigla seria o mesmo do Supremo Tribunal Federal: melhor Alcolumbre do que um aventureiro qualquer do “Muda Senado”, grupo de senadores eleitos recentemente que costuma militar por pautas consideradas moralistas pelo PT.

Os petistas também não escondem que passaram a ter um certo apreço pelo presidente do Senado durante seu mandato. Isso porque, mesmo sem o apoio do PT, Alcolumbre deu lugar para a legenda na Mesa Diretora da Casa. O senador Jaques Wagner (PT-BA), por exemplo, é o terceiro suplente da Mesa, um cargo que não existia antes da gestão de Davi Alcolumbre.

Por fim, a sigla reconhece como positivo o perfil de “vereador bonachão” do presidente do Senado. A alcunha vem do fato de ele atender todo mundo, independentemente da corrente partidária, e gostar da política de conchavo.

Para um integrante do partido, o PT não irá tomar posição aberta sobre o tema por motivos óbvios: Alcolumbre é do DEM. “Mas, se ele conseguir viabilizar o direito à reeleição, o PT vai com o Davi”, conclui o petista.

O “Muda Senado”, por sua vez, ainda avalia qual a melhor estratégia diante do cenário favorável ao presidente da Casa. “Ele tem muita gente na mão”, disse um opositor sob condição de anonimato. Nos bastidores, integrantes dessa corrente discutem, inclusive, desistir da disputa em nome de uma eleição que permita a alternância de poder. A ideia cogitada seria emitir uma nota pública abrindo mão de uma candidatura própria para que MDB e outros partidos de centro se sentissem mais à vontade para pleitear o cargo.

O aceno seria uma forma de desmobilizar alguns dos apoios conquistados por Alcolumbre, como o do PT. Na prática, o principal objetivo dos senadores dessa corrente é garantir a saída de Alcolumbre do cargo.

A avaliação dos parlamentares do “Muda Senado” é que o presidente sinalizava que iria comandar a Casa legislativa de uma maneira diferente, mas acabou repetindo práticas antigas do Congresso.

Valor Econômico