Reeleição de presidentes do Congresso ganha força

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Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) aproveitou a semana de sessões presenciais da Casa para consolidar apoios em favor de sua reeleição. A agenda de encontros de Alcolumbre seguiu ritmo frenético: segundo interlocutores, ele esteve pessoalmente com quase 50 senadores, indo a cafés e jantares nas casas dos pares, sinalizando concessões.

Como resultado, viu tanto integrantes da oposição quanto do governo do presidente Jair Bolsonaro saírem em defesa pública de sua permanência no comando do Poder Legislativo.

As promessas de Alcolumbre envolvem desde relatorias de projetos específicos até a criação de comissões temáticas temporárias, como forma de dar mais espaço para determinadas bancadas que tenham identificação com algum segmento em especial. Uma das comissões a ser criada após sua eleição seria, segundo uma fonte, a da Segurança Pública.

Ontem, o presidente do Senado participou de um jantar na casa de Kátia Abreu (PP-TO). Passaram por lá o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), e os caciques do MDB Renan Calheiros (AM) e Eduardo Braga (AM).

Alcolumbre chegou ao encontro apenas no fim da noite. O tema da reeleição, claro, circulou nas conversas, ainda que de maneira cuidadosa, segundo um dos presentes. Mendes assumiu em agosto a relatoria da ação movida pelo PTB pedindo para barrar a reeleição de Alcolumbre e Rodrigo Maia (DEM-RJ) às presidências do Senado e da Câmara. O presidente do Senado tem conversas adiantadas para ter o apoio do MDB na eleição caso consiga, de fato, viabilizar juridicamente seu direito a participar da disputa.

Anfitriã, Kátia Abreu negou que o jantar tenha servido para uma aproximação entre Alcolumbre e Calheiros. “Estou sempre querendo unir as pessoas. Meu lema é: divergir sem desunir. Sempre convido os dois. Sempre que podem estão os dois. Não há conflito”, disse.

Ela também rechaçou que o encontro tenha sido pensado por ela como forma de mostrar força para conquistar espaços na Mesa Diretora ou na presidência de comissões da Casa. “Nunca pleiteei em minha carreira espaço na Mesa nem presidência de comissão. Sou feliz com meus espaços”, afirmou.

Ao mesmo tempo que contabiliza novos apoios, os movimentos contra Alcolumbre estão minguando. O Podemos, principal partido da frente contrária à reeleição, deve perder dois de seus 11 senadores nos próximos dias: Rose de Freitas (ES), que justamente apresentou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) em favor da mudança na regra, está a caminho do PSD. Elmano Férrer (PI) deve migrar para o PP. Tanto PSD quanto PP são majoritariamente pró-Alcolumbre.

Ontem, após alguns senadores criticarem no plenário as articulações pela reeleição os líderes do PT, Rogério Carvalho (SE), do PDT, Weverton Rocha (MA) e a senadora e Kátia saíram em defesa de Alcolumbre, inclusive manifestando publicamente apoio à sua reeleição. “Esta é uma Casa política. Tudo que for feito aqui vai ser à luz do dia, de forma transparente. Sou incondicionalmente a favor de uma reeleição. Quem vai decidir quem ganha é o voto. Apoiei a PEC da reeleição e, se isso for possível, meu voto é seu”, declarou Kátia.

Líder do PT, Carvalho também deixou explícito que ele e a sigla devem apoiar Alcolumbre. “Entre a nova ou a velha política, eu fico com a boa política. A política da farsa, do discurso fácil, moralista, essa política não constrói o Brasil, não é a defesa de tese”, apontou. “Por isso, presidente, eu quero aqui, olhando nos seus olhos, dizer o seguinte: este ano, o Senado da República produziu, durante a pandemia, de forma remota, mais do que em uma legislatura inteira. E, se eu puder e tiver a oportunidade de dar um voto a vossa excelência, darei com muito gosto”. Weverton foi na mesma linha. “Tem que fazer [a mudança] de maneira clara e o senhor terá o meu apoio. Se for candidato, pode contar com meu apoio”.

Valor Econômico