Toffoli critica desempenho do governo Bolsonaro na pandemia

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Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

O presidente Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, disse nesta sexta-feira que houve uma demora do governo federal para coordenar ações com os outros poderes e também com estados e municípios no combate à pandemia de covid-19. Por outro lado, afirmou que hoje já há um diálogo. A doença já matou mais de 120 mil pessoas no Brasil, e o país fica apenas atrás dos Estados Unidos no total de mortes.

Toffoli está no fim de seu mandato de dois anos como presidente do STF, cargo que vai ficar com o ministro Luiz Fux a partir da semana que vem. Em entrevista coletiva nesta sexta, ele foi questionado sobre as frequentes declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o combate à pandemia. Bolsonaro costuma dizer que, em abril deste ano, o STF decidiu que essa tarefa é dos estados e municípios. O que a Corte determinou, no entanto, foi que estados e municípios têm autonomia para tomar medidas, mas não impediu a atuação do governo federal.

— Desde o início, eu tenho dito que era necessária uma coordenação. Uma coordenação interfederativa [com estados e municípios], e uma coordenação também com os poderes e funções essenciais da justiça nesse tema. Infelizmente, não sei por qual razões, essa coordenação demorou a sair. E saiu hoje. Hoje já tem uma coordenação mais efetiva, mas deveria ter saído antes — disse Toffoli.

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Ele disse que fez essa crítica ao próprio Bolsonaro em maio, quando o presidente da República, com um grupo de empresários, fez uma visita surpresa a Toffoli para defender a reabertura econômica do país. Na época, boa parte das atividades estava fechada por ordem de governadores e prefeitos.

— Eu já fiz essa crítica. Fiz a defesa das decisões do Supremo, mesmo quando o presidente foi com aqueles empresários fazer pedidos ao Supremo Tribunal Federal. E eu respondi a ele:necessário que haja coordenação no combate à pandemia, e que essa coordenação passa por uma unidade federativa, contatos com os outros poderes, com os governadores, com os municípios e com a sociedade civil. Ao fim e ao cabo, mesmo que isso também não tenha sido formalizado, passou-se a ter um diálogo maior. E espero que isso continue — disse Toffoli.

O Globo