Trump volta a afirmar que não aceitará perder a eleição

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Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse novamente que não se comprometerá com uma transferência pacífica de poder se perder a eleição à Presidência americana, que será disputada em 3 de novembro. Na quinta-feira 24, ele repetiu que a votação seria uma “grande fraude”. Enquanto isso, membros do Partido Republicano tentaram minimizar sua fala, prometendo uma “transição ordenada”, respeitando a Constituição.

“Queremos ter certeza de que a eleição seja honesta e não tenho certeza de que possa ser”, disse Trump em coletiva de imprensa na Casa Branca. Ele já havia feito uma fala similar na quarta-feira 23.

Sem repreendê-lo diretamente, republicanos proeminentes deixaram claro que estavam comprometidos com a transferência pacífica do poder. Mitch McConnell, líder da maioria no Senado, publicou no Twitter que “haverá uma transição ordenada, assim como ocorre a cada quatro anos desde 1792.”

Outros seguiram seu exemplo, como os senadores Susan Collins e Marco Rubio e a deputada Liz Cheney. “Os líderes dos Estados Unidos fazem um juramento à Constituição. Vamos manter esse juramento”, escreveu Cheney no Twitter.

Democratas, por sua vez, foram mais incisivos, comparando Trump a um líder autoritário: “Você não está na Coreia do Norte; você não está na Turquia; o senhor não está na Rússia, nem na Arábia Saudita“, disse Nancy Pelosi, presidente da Câmara. “Você está nos Estados Unidos da América. É uma democracia, então por que não tenta por um momento honrar seu juramento de posse à Constituição dos Estados Unidos?”

Os comentários de Trump sucedem uma série de pesquisas de opinião que o mostram atrás do ex-vice-presidente democrata Joe Biden, seu adversário. O líder americano não se recuperou desde o início da pandemia de coronavírus, apesar de seus esforços para desviar a atenção para economia, os protestos violentos que tomaram o país e a nova vaga na Suprema Corte.

Questionado sobre uma transição pacífica na quarta-feira, Trump disse que “vamos ter que ver o que acontece”. Como já fez muitas vezes, questionou a integridade do sistema eleitoral, especialmente o método de votação pelos correios, e repetiu o ceticismo na quinta-feira, dizendo: “Temos que ter muito cuidado com as cédulas. Você sabe, isso é um grande golpe.”

Não há evidências de que o envio de cédulas aos eleitores aumente a fraude no processo de votação, embora haja poucos casos de falha na entrega de cédulas pelo Serviço Postal. É esperado que a votação por correio seja muito mais utilizada que habitualmente este ano devido à pandemia de Covid-19.

Assessores republicanos tentaram justificar a fala de Trump, dizendo que o partido age de acordo com amplos princípios constitucionais. Além disso, acusaram os adversários devido a um comentário recente de Hillary Clinton, que afirmou que os democratas “não deveriam conceder a eleição” até que todas as opções legais tivessem se esgotado.

A senadora Susan Collins, do Maine – estado que está se tornando mais favorável aos democratas –, foi a rara republicana a se referir diretamente a Trump.

“Não sei o que ele pensa, mas sempre tivemos uma transição pacífica entre as administrações”, disse Collins. “A transferência pacífica de poder é um princípio fundamental de nossa democracia e estou confiante de que veremos isso ocorrer novamente.”

Segundo o jornal americano The New York Times, senadores republicanos têm limites para criticar o presidente, que continua extremamente popular com a base do partido.

Na quarta-feira, Trump também misturou a sua indicação para a vaga na Suprema Corte e a legitimidade da eleição. Ele disse esperar que as disputas eleitorais sejam decididas pelo órgão e pediu uma confirmação rápida para a sucessora da juíza Ruth Bader Ginsburg. Dois importantes senadores republicanos, Ted Cruz, do Texas, e Lindsey Graham, da Carolina do Sul, ecoaram o apelo do presidente.

Trump não parece importar com todas as críticas, reporta o Times, e semear dúvidas sobre a legitimidade da eleição parece intencional.

Apesar do presidente ser apoiado por diversos membros do partido, o debate expôs uma divisão entre os republicanos.

“Esta não é a típica indignação contra Trump que vem e vai”, disse Brendan Buck, ex-conselheiro do presidente da Câmara, Paul Ryan, que deixou o cargo em 2019. “Xingá-lo não vai impedi-lo [de contestar a eleição], mas os senadores estão tentando se poupar de alguns problemas mais tarde, deixando claro que não vão flertar com conspirações malucas que zombam de nossa democracia”.

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