Bolsonaro, Doria, Lula e Ciro influenciam eleição em SP

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Foto: Evaristo Sá/AFP; Werther Santana/Estadão; André Dusek/Estadão; Tiago Queiroz/Estadão

Os projetos dos principais nomes cotados para disputar a Presidência em 2022 tiveram impacto direto na escolha dos candidatos, montagem das chapas, composição das alianças e definição de estratégias de campanha nas eleições para a Prefeitura de São Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador João Doria (PSDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) influenciaram decisivamente na definição do quadro eleitoral da maior cidade do Brasil sabendo que o resultado do pleito paulistano terá efeitos em 2022.

Líder nas pesquisas, o deputado Celso Russomanno (Republicanos) só topou disputar pela terceira vez a prefeitura após receber uma sinalização de apoio de Bolsonaro. Depois de duas eleições nas quais despontou na frente, mas não chegou nem sequer ao segundo turno, Russomanno negociava ser vice na chapa do prefeito Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição, mas mudou de ideia depois de um encontro com Bolsonaro.

No primeiro debate entre os candidatos, realizado pela Band, o candidato se escorou no presidente para tentar viabilizar sua principal promessa, a criação de um auxílio emergencial paulistano nos moldes do programa do governo federal.

Covas, segundo colocado, era vice de Doria, apontado como um dos principais adversários de Bolsonaro em 2022. A escolha do vereador Ricardo Nunes (MDB) para ser seu vice faz parte da estratégia do governador de montar uma aliança com MDB e DEM para a disputa presidencial.

O acordo fechado entre estes partidos pela reeleição de Covas é parte de uma articulação nacional que envolve apoio único à presidência da Câmara dos Deputados e à construção de uma frente ampla contra Bolsonaro em 2022. “Um passo de cada vez. Após as eleições deste ano teremos uma indicação mais clara da força dessa união, que, no plano nacional, integra PSDB, MDB e DEM”, disse Doria na convenção tucana.

“A aliança para eleger o Bruno Covas se reproduz na eleição e na sociedade”, afirmou Marco Vinholi, presidente do PSDB paulista e aliado de Doria. Em reserva, os tucanos apostam na eleição do prefeito para frear o bolsonarismo na capital e abrir caminho para a construção de aliança em torno de Doria para presidente e Rodrigo Garcia (DEM) para governador.

O vice-governador paulista vai assumir o cargo por pelo menos oito meses caso Doria entre na disputa presidencial. Doria será usado com moderação na campanha de Bruno Covas à reeleição. Os estrategistas do prefeito reconhecem que a imagem do governador está desgastada na capital, mas avaliam, com base em pesquisas qualitativas, que o eleitor paulistano aprecia que Covas tenha uma boa relação com o Palácio dos Bandeirantes.

Para Doria, a vitória de Bruno significaria uma derrota do bolsonarismo “pelo centro” e o isolamento do presidente no maior colégio eleitoral do País.

“Por trás dos dois candidatos mais fortes hoje, de acordo com as pesquisas, estão Bolsonaro e Doria. Bem ou mal Bruno Covas, por mais que tenha se descolado, é identificado com o Doria, foi o vice do Doria que é o principal antagonista do Bolsonaro em São Paulo. Essa lógica está muito forte na eleição municipal”,disse o cientista político Carlos Mello, professor do Insper. “Além disso, a questão da pandemia, que é uma questão nacional, também vai aparecer. Sobretudo porque o enfrentamento da covid-19 pressupõe políticas públicas que estão no âmbito do município. Educação, saúde, assistência social, cadastro.”

Estadão