Bolsonaro fala da vacina, mas não explica apoio a cloroquina

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

O presidente Jair Bolsonaro disse na noite de quarta-feira que a Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech contra a Covid-19 e testada no Brasil pelo Instituto Butantan, não será adquirida pelo governo federal, independente de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Bolsonaro alega que existe um “descrédito muito grande” em relação ao imunizante e sugeriu que não aceitará ser vacinado contra a doença.

— A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população [inaudível]. Esse é o pensamento nosso. Tenho certeza que outras vacinas que estão em estudo poderão ser comprovadas cientificamente, não sei quando, pode durar anos — disse. — A China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido por lá.

Na manhã de ontem, menos de 24 horas após o Ministério da Saúde anunciar que tem a intenção de adquirir 46 milhões de doses da Coronavac, vacina candidata contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac Biotech testada no Brasil pelo Instituto Butantan, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou o ministro Eduardo Pazuello e afirmou que o imunizante contra o novo coronavírus “não será comprado” pelo governo brasileiro.

Na entrevista ontem à noite, Bolsonaro afirmou que Pazuello se “precipitou” ao assinar o protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac e disse que deveria ter sido avisado antes da decisão ser tomada. Apesar disso, fez elogios a Pazuello e disse que o ministro permanece no cargo.

— Eu sou militar, o Pazuello também o é, e nós sabemos que quando um chefe decide, o subordinado cumpre. Ele, no meu entender, houve uma certa precipitação em assinar esse protocolo. É uma decisão tão importante, e eu deveria ser informado — disse, acrescentando: — Conversei há pouco no zap com o Pazuello, sem problema nenhum, meu amigo de muito tempo, ele continuará ministro. E eu digo mais: ele é um dos melhores ministros da Saúde que o Brasil já teve nos últimos anos.

Ao falar sobre a necessidade da aprovação da Anvisa para que uma das vacinas seja distribuída no país, Bolsonaro defendeu que não se pode “brincar” com vidas humanas, “e muito menos querer fazer política”.

O presidente ressaltou ainda que a vacina vai demorar e que existe uma “tentativa de se explorar politicamente” o calendário de vacinação contra o novo coronavírus. Segundo Bolsonaro, previsões de datas são “inoportunas”, “porque nós não temos um indício ainda de quando é que a última fase de uma possível vacina vai se provar como eficaz”.

— Eu não tomo a vacina, não interessa se tem uma ordem, seja de quem for, aqui no Brasil para tomar a vacina, eu não vou tomar a vacina — disse, em entrevista à Jovem Pan.

Citando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que afirmou na sexta-feira passada que a vacina será obrigatória no estado, Bolsonaro afirmou que essa é uma decisão “ditatorial”. O presidente também disse que a decisão de obrigar ou não os brasileiros a tomarem a vacina é do Ministério da Saúde, e não dos estados, e que acredita que o Judiciário “não vai se manifestar nessa situação”.

— Eu acho que tudo tem um limite e tenho certeza que o poder Judiciário não vai se manifestar nessa situação. Até porque tenho conversado com muita gente em Brasília, não vou citar nomes, mas pertencem a poderes, obviamente, e dizem que não tomariam a vacina chinesa por não ter a devida confiança — comentou.

O Globo