Bolsonaro prejudica relações exteriores para agradar aliados

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Foto: Brendan Smialowski

A política externa de Bolsonaro tem gerado ganhos políticos concretos para o governo. Seu alinhamento quase completo aos EUA de Trump, a postura crítica em relação à China e à Argentina e a reação nacionalista frente à crescente preocupação europeia com a Amazônia fazem sucesso com a base do presidente, gerando a mobilização permanente de que ele necessita.

Presidentes brasileiros costumam enfrentar mais restrições no âmbito doméstico do que na política externa, e Bolsonaro soube utilizar sua liberdade de maneira estratégica e disciplinada. Diante das insatisfações que parte de sua base guarda em relação à aproximação com o centrão e à ideia de que o presidente teria aderido à velha política, a postura anti-globalista tem sido crucial para satisfazer seus eleitores.

Se na política interna Bolsonaro pode até fazer concessões, é no âmbito externo que ele mantém sua estratégia de ruptura, afastando qualquer hipótese de normalização.

O preço desse aceno para a torcida por vezes é a própria economia brasileira. Se no começo do governo investidores internacionais e parceiros estrangeiros ainda confiavam que os “adultos na sala” controlariam o afã do presidente, hoje já está claro que o poder de figuras como Hamilton Mourão e Tereza Cristina é bastante limitado. A política externa encontra-se controlada por um presidente que parece ativamente buscar oportunidades para criar tensões internacionais, produzindo crises sem precedentes nas últimas décadas com parceiros como China, União Europeia e Argentina.

Redação com Folha