Brancos sul-africanos de direita usurpam “Black Lives Matter”

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Foto: Reprodução/ Folha

Num país em que a questão racial tem enorme peso histórico, como a África do Sul, mexer com o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) é como soltar fogos de artifício sentado numa pilha de dinamite.

Foi mais ou menos isso que aconteceu na terça-feira (6), na pequena localidade de Senekal, no centro do país.

Cerca de 3.000 fazendeiros brancos se concentraram em frente à delegacia da cidade para protestar contra a violência que sofrem de forma permanente.

O estopim para a manifestação foi o assassinato de Brendin Horner, 21, administrador de uma fazenda e branco. Seu corpo mutilado foi encontrado amarrado a um poste há duas semanas. Os principais suspeitos são dois trabalhadores negros, que foram presos. Suspeita-se que tenha sido um assalto, mas a agressividade do crime chamou a atenção.

O ato descambou para a violência. Parte dos manifestantes tentou entrar na delegacia para retirar de lá os acusados, que seriam provavelmente linchados. A polícia reagiu e impediu a invasão. Houve depredação, e um carro de polícia foi vandalizado.

Seria “apenas” mais um lamentável episódio de violência com cores raciais num país que eliminou o apartheid há meros 26 anos. Mas havia um ingrediente extra que tornou a situação ainda mais tensa: placas em que se lia “Boer Lives Matter” (vidas bôeres importam).

“Boer” (pronuncia-se “búr”) é uma palavra de origem holandesa que define os fazendeiros de origem branca. Mais especificamente, os fazendeiros de origem branca descendentes de holandeses, chamados de “africâneres”.

Redação com Folha