Cientista diz na cara de ministro que cloroquina é inútil

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Foto: SAMIR JANA/HINDUSTAN TIMES/GETTY IMAGES

A cientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Patrícia Rocco, informou que a já ficou comprovada a ineficácia da hidroxicloroquina, medicamento amplamente divulgado pelo governo e pelo presidente Jair Bolsonaro desde o início da pandemia. A informação foi dita em uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, após a cerimônia na qual o governo sustentou a eficácia de um novo medicamento, a nitazoxanida, cujo nome comercial é Annita.

“Todos vocês já sabem que, no momento, antiviral praticamente não existe na literatura. O remdesivir nós não temos no Brasil e, além disso, ainda é preciso internar o paciente para usá-lo de forma intravenosa. Todos estudos já mostraram que a própria hidroxicloroquina, infelizmente ou felizmente, não tem eficiência no combate da Covid-19. Não há sequer a redução da carga viral, se utilizada na fase precoce, profilaticamente, ou na fase tardia”, disse a coordenadora da pesquisa.

Rocco informou que não chegou a apresentar dados do estudo feita com a medicação Annita, pois ainda aguarda a publicação dos resultados por revistas especializadas. “Espero divulgar os resultados nas próximas semanas”, disse.

“A partir do momento que ocorrer a publicação, vocês vão saber sobre a efetividade do medicamento. Quando a gente fez o estudo clínico com a nitazoxanida, optamos por mostrar a carga viral na terapia precoce. Pensamos muito no ponto de vista epidemiológico. Então, certamente tudo precisa passar por revisão dos pares”, falou.

Em compensação, a professora argumenta que não vê motivos para esperar a publicação para se divulgar a aprovação da medicação vista que a pandemia pode levar a vida de muitas pessoas.

“Como cientista, quero primeiro ter o resultado para avaliação dos nossos pares e depois divulgar. Mas, a partir do momento que o número de mortes por Covid-19 continua alto, e existe uma medicação disponível que possa diminuir a carga viral por via oral, como não vamos oferecer o medicamento a quem precisa? Claro que reduzir a carga viral não significa perder todo o cuidado. A população ainda precisa usar de máscara, álcool em gel e manter o distanciamento”, destacou.

Metrópoles