Ciro pode ter cargo no Rio se Martha Rocha se eleger

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Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

Membros do PDT e da campanha de Martha Rocha avaliam um convite para que Ciro Gomes assuma uma pasta em um eventual governo da candidata na prefeitura do Rio, como informou na última sexta-feira a revista “Veja”. O GLOBO apurou que a ideia envolve a Secretaria de Fazenda — pasta que o presidenciável ocupou no governo Itamar Franco, na década de 1990.

Por ora, a participação de Ciro na campanha carioca tem sido discreta. Ele está se recuperando da Covid-19 e não tem saído de Fortaleza, mas deve vir ainda antes do primeiro turno para participar de um ato da campanha de Martha, além de aparecer no programa de TV.

Martha não quer tratar publicamente da possibilidade de ter Ciro num eventual governo, mas fez elogios ao presidenciável.

— Agora, tenho um objetivo: chegar no segundo turno. Primeiro, tenho que chegar ao segundo turno, ganhar a eleição e depois pensar nesses quadros — afirmou Martha ao GLOBO, sem poupar o aceno a Ciro: — Ele morou no Rio por 17 anos, conhece a cidade. Reconheço nele um carioca e uma pessoa qualificada. Mas no momento certo a gente discute isso.

A campanha de Martha se preocupa com o assunto porque um dos principais trunfos da candidata é sua baixa rejeição — apenas 7% segundo a última pesquisa Datafolha. Uma associação mais intensa com Ciro pode trazer a rejeição que o ex-ministro tem. Com passagens pela prefeitura de Fortaleza, pelo governo do Ceará e pelo governo Lula, Ciro acumula rejeição maior. Nos últimos dois anos, firmou-se como um dos principais opositores do presidente Jair Bolsonaro, o que poderia afastar de Martha o voto de eleitores que apoiam o presidente. Na análise da campanha, há a percepção de que o eleitor carioca de Ciro já optará por Martha sem que seja preciso correr o risco de que ela perca os votos daqueles que não gostam do presidenciável.

Entre membros do PDT, há duas avaliações opostas sobre a eventual nomeação de Ciro no Rio. A primeira é que o reforço, além de bem-vindo para a eventual gestão de Martha, poderia projetar Ciro e o PDT rumo a 2022, caso o ex-ministro conseguisse atuar pela recuperação financeira da cidade em pouco tempo. A segunda avaliação interpreta que seria um erro fixar Ciro em uma única cidade em 2021, ano anterior à eleição presidencial, e o deixaria impedido de viajar como pré-candidato e de manter os laços políticos relevantes que conquistou no Nordeste em um momento-chave.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, compartilha da segunda avaliação e acredita que políticos do Ceará, aliados do Ciro, cometeriam um “suicídio político” caso abandonassem o estado para migrar rumo à administração carioca. Na opinião de Lupi, o vazamento da informação teria como objetivo “fazer parecer que o partido vai interferir em um futuro governo da Martha”, o que ele afirma que não aconteceria:

— Quem conhece a Martha sabe que ela é uma mulher imune a qualquer influência maior. Tem a cabeça dela. E o Ciro já é candidato à Presidência pelo Brasil, não pelo Rio de Janeiro. Ele vai ter que andar o país todo, tem que ser um grande viajante. O grande resultado positivo para o Ciro é a Martha fazer uma boa gestão no Rio. Ele e o partido podem ajudar, dar assessoria, indicar uma equipe financeira. Mas não é possível fixarmos o Ciro no Rio em 2021 — diz Lupi.

O GLOBO procuou o ex-ministro Ciro Gomes, que se recupera da Covid, mas ele não respondeu.

O Globo