Divisão da esquerda ajuda candidatos de direita em SP

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Foto: Sergio Souza/Unsplash

O deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), cresceram, dentro da margem de erro, na disputa eleitoral na capital paulista, em comparação com a semana passada. A segunda rodada da pesquisa XP/Ipespe, que é divulgada com exclusividade pelo Valor, mostra que os dois candidatos já somam 49% das intenções de voto, o que indica uma polarização.

Essa foi a última rodada do levantamento antes do início da propaganda obrigatória em rádio e TV, que começa nesta sexta-feira. Os candidatos com mais espaço no horário eleitoral são Covas e o ex-governador Márcio França, que concorre pelo PSB.

Na pesquisa estimulada, aquela em que os entrevistadores apresentam os nomes dos candidatos, Russomanno tinha 24% das intenções de voto na semana passada e agora tem 27%. Covas passou de 21% para 22%.

A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa encomendada pela XP e conduzida pelo Ipespe ouviu 800 eleitores da cidade de São Paulo, entre os dias 5 e 6 de outubro, por meio de entrevistas telefônicas feitas por operadores. Está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-05159/2020.

O candidato do Psol, Guilherme Boulos, aparece em terceiro lugar, mantendo os 10% de intenção de voto da semana anterior. França oscilou para baixo, dentro da margem de erro, de 9% para 8%. Jilmar Tatto (PT) e Arthur do Val (Patriota) passaram de 2% cada na semana passada para 3% agora.

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe, afirma que é a partir do início da campanha na TV e rádio, nesta sexta-feira, que as eleições ganham “espaço no quadro de referências da população”. “Por enquanto, apenas um terço das pessoas têm a eleição em mente. São aquelas que revelam em quem pretendem votar na pesquisa espontânea”, explica Lavareda.

Na próxima rodada, na semana que vem, o cientista político diz que começarão dois movimentos: a solidificação das intenções de voto estimulado e os deslocamentos da preferência entre os candidatos.

Lavareda destaca que Russomanno conta nestas eleições com algo que não teve em 2012 ou 2016, quando começou na frente, mas acabou derrotado: o apoio do presidente da República, Jair Bolsonaro. Para mudar a trajetória descendente das disputas anteriores, no entanto, Russomanno tem os desafios de colar na imagem de Bolsonaro e de convencer os eleitores de que, dessa vez, sua vitória é possível.

Detalhamento dos dados da pesquisa mostra que, entre os eleitores de Bolsonaro, há mais gente que prefere Covas (33%) do que Russomanno (29%). “Será necessário um esforço muito grande para que Russomanno cole no presidente”, diz Lavareda. Dezoito por centro dos entrevistados declara que votará em alguém indicado por Bolsonaro. Outros 27% dizem preferir um adversário do presidente. E 51% afirma ser indiferente em relação a esse aspecto.

Já a questão da confiança na campanha de Russomanno está relacionada ao fato de quem os eleitores acreditam que ganhará a disputa. Independentemente de em quem votam, mais eleitores apontam a provável vitória de Covas (32%) do que de Russomanno (26%). “As pessoas se baseiam nas experiências anteriores de insucesso de Russomanno. Isso não ajuda um candidato a vencer’, afirma Lavareda.

Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo têm índices altos de rejeição, dentro de uma tendência mundial de repulsa à política. Por exemplo, 47% dizem que não votariam, de jeito nenhum, em Russomanno; 45% dizem o mesmo sobre Covas; 45%, sobre Boulos; e 41%, sobre França. As maiores rejeições registradas foram a Levy Fidelix, do PRTB, de 59%, e a Joice Hasselmann, do PSL, de 53%.

O percentual de votos em branco ou nulos diminuiu de 20% na semana passada para 14% hoje. A fatia de eleitores que não sabem em quem votar se manteve em 7%.

Valor Econômico