Filha de Garotinho diz que nome atrapalha

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Foto: Reprodução/ O Globo

Com Covid-19, a candidata do (PROS), Clarissa Garotinho, em entrevista ao GLOBO, diz que enfrenta preconceito contra a família e afirma ser uma política ‘de centro’.

O nome Garotinho ajuda ou atrapalha na campanha?
Eu sou Clarissa Garotinho. Todo mundo me conhece e sabe que sou filha do Garotinho, mas acho que toda eleição majoritária é uma oportunidade de contarmos nossa própria história e mostrar o que a gente defende para cidade. Meu objetivo é mostrar para a população do Rio quem é Clarissa. Sou Clarissa Garotinho, vírgula e não um ponto final. Eu sou conhecida muito mais pelo meu sobrenome do que pelo meu trabalho.

Seus pais, Anthony e Rosinha, não aparecem tanto nas suas propagandas. Por quê?
Ele aparece nas propagandas na internet, ontem fizemos comício virtual, e ele apareceu e a minha mãe também.

E na televisão?
Eu quase não tenho tempo na TV. São 14 segundos.

Seus pais foram presos por problemas na administração de Campos. O quanto isso prejudica sua imagem?
Meus pais foram injustiçados e humilhados porque foram os únicos a terem coragem de denunciar a quadrilha do Sérgio Cabral. Enquanto o Ministério Público não viu nada, a Justiça não viu nada, a chefe de Polícia Civil de Cabral (Martha Rocha), que agora é candidata, não viu nada, enquanto ninguém viu nada, o único que teve a coragem de denunciar a quadrilha do Cabral foi o Garotinho. E, por isso, acabaram sendo perseguidos, injustiçados e humilhados. Essa história ficou mal compreendida pela população, mas espero que um dia a gente tenha a possibilidade de colocar os pingos nos is e que a população reconheça quem de fato fez por esse estado.

A senhora tiraria o sobrenome político Garotinho?
Não faz diferença. Todo mundo sabe que a Clarissa é filha do Garotinho. Família, para mim, é algo sagrado.

Sua rejeição está em 40%, segundo Ibope, atrás apenas do prefeito Marcelo Crivella (57%). Isso é creditado a quê?
Existe preconceito e desconhecimento. Como eu disse, é uma história mal interpretada. Eu acabo sendo julgada muito mais pelo meu sobrenome do que pelo meu trabalho. A eleição é a oportunidade de a gente se apresentar, de corrigir fatos históricos e das pessoas me conhecerem. Nesta eleição ficou mais difícil. Teríamos dez debates, e o debate é o que traz justiça para o processo eleitoral. Todos têm o mesmo tempo e podem se confrontar. Nosso objetivo de mostrar o que penso ficou prejudicado, com 14 segundos de televisão.

A senhora se recupera da Covid-19. Qual a estratégia para o fim da campanha?
Numa campanha de 45 dias, eu perdi 15 dias de rua. Para quem não tem tempo de TV é muita coisa. A partir deste fim de semana já vou poder voltar às ruas e vamos ocupar os principais centros. Mantive a campanha ativa nas redes sociais.

Qual o peso das redes sociais?
Não tenho sido atacada. Fui no início, quando inventaram que eu votei contra o auxílio emergencial. Sou a favor e caso seja eleita vou ajudar o governo federal na implantação de uma renda mínima. Tenho concentrado minha campanha na internet, mas a imprensa também precisa fazer uma autocrítica. Uma eleição sem debates é uma eleição em que só quem perde é a democracia e o eleitor. Nas redes sociais, o alcance não é o mesmo.

A senhora foi secretária de Crivella. Como avalia o governo?
A palavra que define o governo do Crivella é frustração. Foi um governo pior do que qualquer pessoa poderia imaginar. Não temos sequer um síndico na cidade, quanto mais um prefeito. É verdade quando o Crivella diz que pegou uma cidade endividada por Paes, mas é verdade que ele não soube fazer a gestão financeira da crise. Crivella não conseguiu fazer o que propôs, que era cuidar da cidade. Se eu me arrependo? Não tinha como adivinhar. Não está escrito na testa de ninguém se vai dar certo ou errado. Fiz uma aposta como a maioria da população fez.

Como deixou o governo?
Eu era a única secretária do Crivella que nas reuniões do secretariado tinha a coragem de dizer para ele que o governo não tinha rumo, que as coisas estavam erradas, que a fiscalização era frágil. Ele nunca foi um bom ouvinte, gostava de quem puxava saco e não está muito acostumado a ouvir a verdade. Quando percebi que o governo não ia a lugar nenhum, não tinha porque ficar.

Caso eleita, terá de conversar com governador e presidente. Em que campo se posiciona?
Me considero de centro, independente. Em alguns aspectos mais progressista e em outros, mais conservadora. O Parlamento é lugar de debate. A cadeira de prefeito é de diálogo e parceira. Essa disputa esquerda e direita e de bandeiras partidárias fez muito mal ao Rio. Quem está fazendo dessa eleição uma eleição para levantar bandeiras presidenciais não fará bem ao Rio.

De que o Rio precisa hoje?
Precisa funcionar. Me sinto indignada, como a maioria da população, em viver em uma cidade em que nada funciona.

O Globo