Manuela D’Ávila comanda volta da esquerda no RS

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: EBC – Agência Brasil

A corrida eleitoral em Porto Alegre tem 13 candidatos na disputa pela Prefeitura. Ao todo, sete coligações e seis chapas “puro-sangue” tentam eleger o próximo chefe do Executivo municipal da capital do Rio Grande do Sul.

Entre os candidatos no pleito estão o atual prefeito, Nelson Marchezan Júnior (PSDB) – que tenta a reeleição ao mesmo tempo em que enfrenta um processo de impeachment na Câmara de Vereadores –, o ex-prefeito da capital Fortunati (PTB) e o ex-deputado federal e bicampeão mundial de judô João Derly (Republicanos).

A ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB) lidera a disputa eleitoral até o momento, segundo pesquisa do Ibope. Ex-vice na chapa de Fernando Haddad que disputou a presidência em 2018, D’Ávila tinha 24% das intenções de voto segundo o levantamento divulgado no dia 5 de outubro. Entre as candidaturas femininas, também destaca-se a deputada estadual Juliana Brizola (PDT), neta de Leonel Brizola.

Veja quem são os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre:
Fernanda Melchionna (PSOL)

A deputada federal Fernanda Melchionna é a candidata do PSOL à Prefeitura de Porto Alegre. Líder do partido na Câmara dos Deputados, Melchionna se afastou das funções para se dedicar à disputa eleitoral. A candidata foi a primeira parlamentar bibliotecária da história da Casa.

Na capital gaúcha, o PSOL optou por formar uma coligação com os partidos União Popular (UP) e PCB, mas indicou o candidato a vice na chapa, o ex-árbitro de futebol Márcio Chagas.

Fortunati (PTB)

Oficializado como candidato à prefeitura de Porto Alegre, José Fortunati (PTB) tentará comandar pela terceira vez a capital gaúcha. Formado em administração e bacharel em Direito, Fortunati trancou o mestrado em Ciências Políticas que cursava em Portugal pela corrida eleitoral. Com passagens por PT e PDT, o ex-prefeito esteve brevemente no PSB antes de se filiar ao PTB, no começo do ano.

“Está no meu sangue gostar da causa pública. Adoro a causa pública e vivo para isso. Com a minha experiência podemos vencer a crise sanitária, econômica e a falta de diálogo”, diz.

Prestes a completar 65 anos, José Fortunati começou a trajetória política, em 1986, após ser eleito deputado estadual pelo PT. Depois foi reeleito deputado federal, vice-prefeito, vereador e assumiu o Paço Municipal, pela primeira vez, em 2010, quando o prefeito José Fogaça (PMDB) renunciou para disputar as eleições estaduais. Em 2012, Fotunati foi reeleito prefeito da capital, pelo PDT, em primeiro turno, com 65% de votos.

Sobre o ingresso no PTB, ele considera que “algumas concepções” mudaram. “Hoje, me abro mais para economia. Já fui mais ortodoxo. Mudei o pensamento, mas continuo preocupado com as questões sociais, que são as minhas raízes”, diz. Ele alega que mudou de partido “após ver as promessas políticas não serem confirmadas internamente”.

Criticado por não ter entregado todas as obras prometidas para a Copa de Mundo de 2014 na capital, o ex-prefeito alega que algumas delas não foram concluídas dentro do cronograma em razão de problemas técnicos ou jurídicos. Natural de Flores da Cunha (RS), Fortunati terá como candidato a vice, o médico André Cecchini (Patriota). Na aliança, estão ainda o Podemos e PSC.

Gustavo Paim (PP)

Atual vice-prefeito de Porto Alegre, Gustavo Paim (PP) vai disputar a vaga na Prefeitura de Porto Alegre contra o seu antigo aliado, o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB). Antes base aliada do governo, o PP rompeu com Marchezan, que hoje enfrenta um processo de impeachment na Câmara Municipal.

Doutor em Direito, Gustavo Paim é professor universitário e especialista em gestão pública. A chapa terá como vice Carmen Santos, do Avante, único partido que compõe a coligação.

João Derly (REPUBLICANOS)

O Republicanos optou por lançar uma chapa “puro-sangue”, encabeçada pelo ex-deputado federal João Derly. Bicampeão mundial de judô, o ex-atleta foi secretário estadual de Esportes na gestão do governador Eduardo Leite (PSDB), que apoia o candidato à reeleição, Nelson Marchezan.

Além de secretário, Derly foi vereador em Porto Alegre, entre os anos de 2013 e 2015, e deputado federal, entre 2015 e 2019. Atualmente filiado ao Republicanos, o candidato iniciou a carreira política no PCdoB, passando também pela Rede.

O partido indicou como vice na chapa Fernando Edison Domingues Soares, conhecido como delegado Fernando.

Juliana Brizola (PDT)

A deputada estadual Juliana Brizola (PDT) encabeça a primeira chapa majoritária exclusivamente feminina da história de Porto Alegre. A neta do ex-governador Leonel Brizola terá como vice a professora Maria Luiza Loose (PSB). A coligação também conta com a Rede.

Juliana é formada em Direito e mestre em Ciências Criminais. Deputada estadual por dois mandatos na Assembleia do Rio Grande do Sul, a candidata também cumpriu um mandato de vereadora na capital gaúcha.

Júlio Flores (PSTU)

O PSTU lançou o professor de matemática Júlio Flores como candidato à prefeitura. Assim como em outras grandes cidades do País, o partido optou por não aderir a coligações. A chapa terá como vice a servidora pública aposentada Vera Rosane.

Flores já foi lançado pelo partido em eleições majoritárias anteriores. Em 2018, concorreu ao governo do Estado, obtendo menos de 1% dos votos. Em 2016, concorreu a prefeito de Porto Alegre, também obtendo menos de 1% dos votos. O candidato não tem direito a tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral.

Luiz Delvair (PCO)

O PCO terá como candidato Luiz Delvair Martins Barros. A chapa terá como vice a artesã Delaine Kalikosky de Oliveira.

Manuela D’Ávila (PCdoB)

Candidata à Vice-Presidência na chapa de Fernando Haddad (PT) em 2018, Manuela D’Ávila (PCdoB) é a candidata da coligação à Prefeitura de Porto Alegre. Formada em Jornalismo com mestrado em Políticas Públicas, Manuela participou do movimento estudantil, filiou-se ao PCdoB, tendo sido eleita a vereadora mais jovem da capital, aos 23 anos. Chegou à Câmara dos Deputados com a maior votação da história do Rio Grande do Sul: quase 500 mil votos.

“Eleger uma prefeita é o resultado natural do retrato das mulheres na nossa cidade. É uma ocupação de espaço real de uma cidade que já tem mais mulheres do que homens”, afirma. Com quase 1,1 milhão de porto-alegrenses aptos a votar, 55% do eleitorado é formado por mulheres e 45% por homens, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A população da cidade é estimada em 1,48 milhão de habitantes, aponta o IBGE.

Manuela tem como candidato a vice o ex-ministro do Trabalho Miguel Rossetto, do PT – que pela primeira vez abriu mão de encabeçar uma chapa majoritária em Porto Alegre, capital que foi vitrine para o petismo na década de 1980. Manuela já disputou a prefeitura em duas ocasiões. Na primeira, em 2008, ficou em terceiro lugar. Na segunda tentativa, em 2012, ficou na segunda colocação.

Aos 39 anos, Manuela divide as tarefas políticas com a educação de Laura, sua filha com o músico Duca Leindecker. Autora de três livros, lançou recentemente a obra E se fosse você?, que aborda a era das fake news e redes de ódio. O prefácio foi escrito pelo youtuber Felipe Neto. Manuela é alvo frequente de ataques nas redes e desempenhou papel relevante no episódio que ficou conhecido por Vaza Jato, quando fez a ponte entre hackers e site de notícias The Intercept Brasil, que publicou informações sigilosas fornecidas por eles. Sua participação no caso foi investigada, mas não houve desdobramentos.

Montserrat Martins (PV)

O PV lançou como candidato o médico Montserrat Martins. A chapa terá Alda Miller como vice.

Nelson Marchezan Júnior (PSDB)

Em busca da reeleição, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), enfrentará além dos problemas causados pela pandemia um processo inédito de impeachment às vésperas do pleito. Ele foi denunciado por crime de responsabilidade por supostamente ter usado R$ 3,1 milhões do Fundo Municipal de Saúde para pagar publicidade. Ele nega que tenha cometido crime e diz que fez tudo dentro da lei. Agora, ao lado de PL e PSL, o tucano vai aproveitar a campanha para defender sua administração. Ele diz que o processo de impedimento deverá ser revisto na Câmara Municipal.

“Esse processo entra para os anais como uma piada. Já nasceu juridicamente e politicamente morto. Vivemos um cenário estranho, no qual o prefeito que combateu corrupção, sofre um impeachment movido por aqueles partidos, que praticavam a corrupção. É contraditório”, diz.

Com a trajetória política iniciada na Assembleia Legislativa, Marchezan foi posteriormente reeleito deputado federal. Na Câmara dos Deputados, propôs a abertura da caixa-preta do setor público e defendeu a extinção da Justiça do Trabalho. Por opositores e, inclusive aliados, Marchezan é considerado um gestor de pouco ou nenhum diálogo com o Legislativo. Ele nega. “Vamos governar com os vereadores eleitos pelo povo. Não vou mudar os critérios para composição.” Na disputa, o prefeito terá Gustavo Jardim (PSL) como vice.

Como realizações, Marchezan elenca a revisão do IPTU, realizada após 28 anos, a reforma da Previdência municipal, e o “equilíbrio entre receita e despesa” .

Porto-alegrense, o prefeito é formado em Direito com pós em gestão empresarial. Casado e pai de três filhos, Marchezan diz ter herdado do pai a vocação para vida pública. “Quando meu pai faleceu, eu vi muitas homenagens a ele que destacavam a diferença que a política pode fazer para a vida das pessoas.” Marchezan pai foi deputado federal, presidente da Câmara dos Deputados e líder do governo do general João Figueiredo na Casa

Rodrigo Maroni (PROS)

Defensor da causa animal, o deputado estadual Rodrigo Maroni (PROS) também tenta alcançar o Executivo municipal. Eleito para a Assembleia Legislativa do Estado em 2018, Maroni também exerceu um mandato como vereador entre 2015 e 2018 na capital gaúcha.

Em sua trajetória política, o candidato passou por PT, PSOL, PCdoB, PR, Podemos, até filiar-se ao PROS em 2020. Ele entra na disputa com seu companheiro de partido, o auditor Edelberto Mendonça, como vice.

Sebastião Melo (MDB)

O deputado estadual Sebastião Melo (MDB) disputará pela segunda vez a eleição para prefeito de Porto Alegre. Em 2016, o advogado foi derrotado por Nelson Marchezan Junior (PSDB) no segundo turno.

Natural de Piracanjuba (GO), Melo vive na capital gaúcha desde o fim da década de 1970. Agraciado com o título de Cidadão de Porto Alegre, o emedebista garante conhecer as peculiaridades da disputa eleitoral no município. “Eleição em Porto Alegre é como Grenal. Todo mundo canta vitória antes de entrar em campo, mas quando a bola rola o jogo é duro. Tem que jogar muito para vencer”, frisa.

De 2013 a 2016, Sebastião Melo foi vice-prefeito de Porto Alegre, tendo José Fortunati, então no PDT, como prefeito. “Naquela oportunidade, eu não tive a caneta na mão, mas representei a prefeitura resolvendo problemas, sem buscar culpados”, afirma.

No último pleito, ele foi cabeça de chapa ao lado de Juliana Brizola (PDT). Depois da inclinação para o campo da esquerda, o emedebista agora vislumbra um caminho intermediário para ter êxito nas urnas. “Eu não mudei de opinião. Sou um cara de equilíbrio e diálogo, mas é evidente que esta composição tem conceito de maior liberdade econômica. Porém, o Melo continua o mesmo”, afirma.

O candidato a vice é o vereador Ricardo Gomes (DEM). Os partidos Cidadania, Solidariedade, PRTB, DC e PTC também apoiam a chapa.

Eleito três vezes vereador de Porto Alegre, Melo presidiu a Câmara Municipal em duas oportunidades. Foi eleito deputado estadual em 2018, ao computar mais de 34 mil votos. Casado e pai de dois filhos, ele diz que o sucesso da administração municipal passa pelo diálogo com a Câmara Municipal

Valter Nagelstein (PSD)

Ex-presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, o vereador Valter Nagelstein foi confirmado pelo PSD como candidato a prefeito no pleito de 2020.

Formado em Direito, Nagelstein foi eleito por três mandatos consecutivos como vereador em Porto Alegre. O candidato também esteve à frente de secretarias municipais, como a de Produção, Indústria e Comércio (2010) e Urbanismo (2015 e 2016). Ele também disputou as eleições à prefeitura em 2000, pelo PPS.

O candidato terá como vice João Carlos da Luz Diogo, mais conhecido como delegado Diogo.

Estadão