Russomano agora tenta se afastar de Bolsonaro

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Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Em queda nas pesquisas de intenção de voto, o candidato Celso Russomanno, do Republicanos, afirmou na manhã desta sexta-feira que, caso seja eleito, faria convênio com o Instituto Butantan para a compra da vacina produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, a Coronavac, contra Covid-19.

A posição de Russomanno diverge do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a dizer que não compraria a vacina produzida pelo Butantan nem no caso de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, dar a autorização.

– Se for aprovada pela Anvisa, sem problema nenhum – disse Russomanno, em entrevista à rádio Eldorado. – Sou totalmente favorável à vacina. Quero que ela fique pronta e quero tomar a vacina também.

Segundo levantamento do Instituto Datafolha divulgado nesta quinta-feira, Russomanno recuou de 27% para 20% nas intenções de voto, enquanto que o atual prefeito e rival na disputa, Bruno Covas, do PSDB, oscilou positivamente dois pontos e agora tem 23%. A rejeição do candidato do Republicanos disparou e agora o percentual de eleitores que afirmam não votar nele de jeito nenhum passou de 29% para 38%.

Embora a popularidade do presidente esteja em alta puxada pelo auxílio emergencial pago aos afetados pela pandemia, dados do instituto Datafolha apontam que a nacionalização do discurso dos candidatos pode não ser um bom negócio na disputa municipal da capital paulista. Bolsonaro é rejeitado por 46% dos paulistas, segundo o instituto de pesquisas.

Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB), padrinho político de Covas, travam um embate político com vistas as eleições de 2022. O presidente tem se mostrado contrário a vacina do Butantan, encampada pelo governo paulista.

Afinado com o presidente, Russomanno passou a defender que a vacina contra a Covid-19 não seja obrigatória, ao contrário de Doria.

Nesta manhã, porém, adotou posicionamento mais conciliador sobre o tema.

-Não sou contra vacina. Disse que se aprovada pela Anvisa, faria uma campanha imensa de conscientização, mas não obrigaria as pessoas. Sou favorável ao que a ciência determina – complementou o candidato.

Nas últimas semanas, Russomanno havia intensificado sua adesão às pautas do presidente num claro sinal ao eleitorado bolsonarista. A estratégia da propaganda do candidato é apresentá-lo como uma espécie de simbiose com Bolsonaro.

Em entrevistas, ele chegou a dizer que a Covid-19 “não dizimou ninguém”, que moradores de rua tinham mais resistência ao vírus por não tomarem banho e minimizou a ditadura militar.

No final da manhã em outra entrevista, mas desta vez para a revista Veja, Russomanno voltou a demarcar as diferenças de posição entre a sua candidatura e o presidente Bolsonaro.

– Eu concordo com Bolsonaro em algumas coisas; em outras tenho opinião própria. Quem vai governar São Paulo é o Celso Russomanno – disse o candidato. – Eu preciso do governo federal e fico feliz que ele está me apoiando.

Russomanno também comentou sobre um documentário que mostra que o Papa Francisco é favorável a união civil entre homossexuais. O tema é rejeitado pela ala ideológica do bolsonarismo. O candidato havia se negado em outras entrevistas a comentar assuntos como casamento gay e aborto. Segundo aliados, a ideia era evitar o tema para não desagradar a base evangélica e os apoiadores bolsonaristas

– Pela primeira vez, a igreja católica se pronuncia a esse respeito. Ela não disse que as pessoas teriam que se casar, mas que o poder público teria que viabilizar essa união familiar. Acho que o Papa é sensível ao que acontece no mundo. Está dando um recado para o mundo e a gente precisa colocar isso na mesa e discutir com mais profundidade.

O Globo