Sem Bolsonaro do lado, Crivella apela para ex-mulher dele

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Foto: Reprodução

Em mais um esforço de se colocar como o candidato bolsonarista no Rio e na busca de um apoio explícito do presidente Jair Bolsonaro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), convidou a candidata à vereadora Rogéria Bolsonaro, ex-mulher do presidente e mãe de Flávio, Carlos e Eduardo, para uma live nesta segunda-feira. Crivella reafirmou ser o mais alinhado a Bolsonaro na disputa municipal, criticou os adversários, a imprensa e fez acenos aos eleitores conservadores e evangélicos.

Candidato à reeleição, Crivella tem o apoio da família de Bolsonaro. O “02”, Carlos vai tentar mais um mandato, e Rogéria volta à política após 20 anos, desde que foi derrotada pelo filho nas urnas com a ajuda do pai. Os dois se filiaram ao partido do prefeito, o Republicanos, para a disputa municipal, e têm feito campanha desde então. Em um trecho da live, Rogéria diz que a reeleição do prefeito é importante por questões de “alinhamento ideológico”.

– É importante também prefeito, a eleição do senhor. A gente sabe do alinhamento de posições ideológicas. Essa união com o senhor, continuando na prefeitura, vai possibilitar uma liberação de verbas melhor para possibilitar um governo melhor. Esse alinhamento do prefeito Crivella, que é o único que tem alinhamento com o governo federal, a gente têm que acreditar e lutar por isso.

A disputa de Crivella e Luiz Lima pelos eleitores de direita ou que se identificam com o presidente deve continuar. No primeiro dia de campanha, Lima questionou onde estava o prefeito na campanha presidencial de Bolsonaro. Do outro lado, Crivella diz que o candidato do PSL abandonou o presidente na disputa partidária que culminou com o rompimento de Bolsonaro com a sigla.
– Eu disse a ele: “Luiz Lima você se elegeu na onda Bolsonaro. Ninguém conhecia o Luiz Lima. O Luiz Lima assumiu o bolsonarismo e conseguiu uma linda vitória. Quando chegou em Brasília, o presidente divergiu do PSL, e ele preferiu ficar com o PSL.
Rogéria diz ainda que é “uma das responsáveis” pela eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018.
– A gente vive um momento em que vemos uma degradação da família. Estamos vendo direitos sendo cerceados. A gente tem a nossa linha de ação, de direita, como o do nosso presiente da República. Aliás, eu tenho até orgulho de dizer que eu sou uma das responsáveis dele estar lá. Eu sou a precursora. Isso tudo começou, né, com a nossa família, que possibilitou que se chegasse a isso, a essa situação hoje do presidente da República.

Para emular o discurso de Bolsonaro, Crivella ataca a imprensa, o Partido dos Trabalhadores (PT) e os outros candidatos. Segundo o prefeito, o “PT está fechado com Paes”. Ele diz que a candidata do PT, Benedita da Silva entrou na disputa por ser evangélica para tirar votos dele e, consequentemente, ajudar Paes. Assim como Benedita, Crivella foi ministro na gestão petista. De 2012 a 2014, ocupou o posto de Ministro da Pesca no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Além da disputa narrativa para angariar os votos de eleitores que se identificam com o presidente, Crivella usou o tempo com Rogéria para falar sobre temas caros ao bolsonarismo, como ideologia de gênero. Ao falar sobre a importância da família, o prefeito diz que “família é o pai, a mãe, os filhos”, e que não diverge do presidente quando o assunto é Pátria, família e Deus.

– É diferente quando a gente fala entre um alinhamento nosso com o presidente da República. Há uma afinidade de pensamentos. É Deus, a família, a Pátria… – afirma Crivella.

Rogéria concorda e acrescenta: “a gente acha que homem é homem, mulher é mulher. Uma família é composta de um homem e de uma mulher”:

– Tem que respeitar o que o outro acha. E a gente acha que homem é homem, mulher é mulher e pronto e acabou. Não se discute mais isso. E pronto.

Ao explicar os motivos de ser candidata, Rogéria diz que quer ter voz para defender o país e os filhos. Flávio Bolsonaro é apontado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) como líder de uma organização criminosa que desviava salário de funcionários em um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa. O filho “02” também é investigado. O MP apura suspeitas de funcionários fantasmas no gabinete de Carlos na Câmara de Vereadores do Rio.

– Eu quero ter voz para continuar defendendo o que eu acho que é certo. Continuar defendendo o meu país, os meus filhos… Estão tentando assassinar caráter. Eu tenho certeza dos filhos que eu criei. Foram criados dentro da Palavra de Deus. Foram criados na Igreja. Eles tem a formação cristã, tem a base. Eu tenho certeza que meus filhos jamais estariam envolvidos, jamais fariam uma coisa errada, que não tivesse sido ensinados a eles. Lá em casa tinha cinta, correia pendurada na porta da sala. O coro cantava.

O Globo