Tatto garante que vai decolar

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 Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Em entrevista ao GLOBO, o candidato à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto (PT), descarta abrir mão de sua candidatura e aposta que ela vai decolar à medida que ficar mais conhecido do eleitor de São Paulo.

O senhor pode desistir da candidatura (para apoiar o Guilherme Boulos, do PSOL) ?

Não existe essa possibilidade. Estamos crescendo. O PT está unido, a militância está na rua. Vamos para o segundo turno, vamos ganhar a eleição. O presidente Lula está totalmente empenhado. A aceitação do PT na rua é muito boa.

Como é lidar com pessoas do próprio partido dizendo que o senhor deveria desistir?

O PT é um partido democrático, tem dois milhões de filiados; as pessoas têm direito de opinar. Vou fazer o quê? Em geral, são pessoas que não conhecem o PT de São Paulo. O PT de São Paulo está enraizado na periferia, é forte, organizado.

Mas esse tipo de manifestação não enfraquece a sua candidatura?

Não faz diferença nenhuma. O eleitor não conhece essas pessoas que opinam sobre a nossa candidatura.

O senhor se sente traído por pessoas do partido?

Não. Porque essa mesma pessoa que eventualmente fala que eu deveria apoiar o Boulos, que deveria retirar (a candidatura), tenho certeza absoluta que vai votar em mim. Por que vou me estressar?

Por que a sua candidatura não decolou?

Porque eu não sou conhecido. A própria pesquisa fala que não sou conhecido. Ninguém vota em quem não conhece. Na medida que eu vou me tornando conhecido, vou subindo.

Mas não está demorando? A 32 dias da eleição de 2012, por exemplo, o Fernando Haddad, que também era desconhecido, já tinha 16% no Datafolha.

Não tinha pandemia. Há uma mudança de comportamento. O interesse pela eleição é muito pequeno ainda. A decisão do eleitor vai ser na reta final.

Há uma candidatura mais bem colocada na esquerda, que é do Boulos. Esse eleitor de esquerda ficará com ele?

Nossos adversários são o candidato do Bolsonaro, que é o (Celso) Russomanno, e o candidato do Doria, que é o Bruno Covas. O Boulos não é meu adversário. Boulos tem um eleitor bastante de classe média, rico. Pessoas progressistas. A impressão que dá é que pode ser vítima do voto útil. O eleitor naturalmente faz isso. Isso vale para o ele e vale para mim.

O senhor foi escolhido candidato por causa da sua força na militância no PT. Seus adversários no partido dizem que o seu poder vem das filiações em massa. Como responde a isso?

Eu sempre apostei que o candidato do PT tinha que ser um candidato da periferia. A militância tinha que ter um candidato para valer. Foi isso o que aconteceu. Filiados no PT todos têm, os deputados, vereadores… E sempre foi assim. Dos oito deputados federais, cinco me apoiaram. Dos nove deputados estaduais, sete me apoiaram. Dos nove vereadores, tinha seis. Esse argumento não cola.

O mau desempenho do PT nas eleições tem relação com as denúncias de corrupção contra o partido, a prisão do Lula?

Nós temos que aguardar a eleição. É cedo e precipitado avaliar que o PT vai mal.

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró acusou, em delação premiada em 2016, o senhor de ser destinatário de propina. O que tem a dizer sobre isso?

Nunca conversei com Cerveró, nunca conversei sobre esse assunto. Tanto que nunca recebi comunicado (da polícia) sobre isso.

Quando o Haddad era prefeito, ele rejeitava implantar a tarifa zero (no transporte) com argumento de que não havia dinheiro. Não é contraditório agora lançar uma proposta dessa como está no seu plano de governo?

Vamos fazer gradualmente. Em certa medida, é o que o Haddad fez. Ele criou o bilhete semanal, mensal e diário. Nesse mensal, as pessoas foram beneficiadas. Os estudantes também tinham passe livre com Haddad, e vamos retomar.

Mas haverá tarifa zero completa até o final do mandato?
Vou perseguir esse objetivo.

Quanto custaria?
Eu não tenho os números de cabeça…. Posso te passar depois? (a assessoria informou após a entrevista que o custo anual da tarifa zero seria de R$ 8,8 bilhões).

O Globo