Tratamento de covid para Trump custou US$ 100 mil

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Foto: ALEX EDELMAN/AFP

O tratamento para coronavírus aplicado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – que foi internado por três dias, viajou de ambulância e helicóptero, fez vários testes para o vírus, recebeu oxigênio, esteroides e um tratamento experimental com anticorpos – custaria mais de 100.000 dólares no sistema de saúde americano, o equivalente a cerca de 560.000 reais. Uma reportagem do jornal The New York Times mostra que, para a maioria dos americanos com Covid-19, isso significaria dívidas médicas mesmo depois que o seguro de saúde pagasse sua parte.

Quase meio milhão de pessoas foram hospitalizadas com coronavírus nos Estados Unidos. Testes de rotina em centros médicos podem resultar em milhares de dólares de cobranças sem coberturas por seguros, já que o paciente não tem controle sobre o especialista que o atende. As contas de hospitais podem ultrapassar 400.000 dólares, o equivalente a mais de 2,2 milhões de reais.

Os custos dos cuidados de Trump são cobertos pelo governo federal. Após receber alta, o presidente publicou uma mensagem no Twitter minimizando o risco do vírus. “Não tenha medo da Covid”, escreveu. “Não deixe isso dominar sua vida.”

Agora na Casa Branca, o presidente já poderá interagir com funcionários. O governo emitiu um memorando intitulado “Precauções e interações com o Presidente dos Estados Unidos”, que instrui membros de sua equipe a utilizarem equipamentos de proteção individual (EPIs) que ficam disponíveis em um “carrinho de isolamento”.

De acordo com o Times, funcionários só podem acessar o Salão Oval caso sejam chamados. Se puderem permanecer a mais de dois metros de distância de Trump, podem usar apenas uma “máscara cirúrgica” e desinfetante. Se estiverem a menos de um metro e oitenta de distância, o memorando do Gabinete de Administração da Casa Branca lista EPIs como “jalecos amarelos”, “máscaras cirúrgicas”, “óculos de proteção” e “luvas”.

Por sua vez, a maioria dos americanos – mesmo aqueles que têm seguro saúde – teme receber cuidados médicos que não pode pagar. As seguradoras, por exemplo, não precisam pagar por testes de coronavírus requisitados por empregadores. Embora normalmente custem cerca de 100 dólares (560 reais), podem chegar a até 6.400 (quase 36.000 reais).

Além disso, 2,4% dos testes pagos por seguradoras ainda responsabilizam o paciente por alguma parte do pagamento. O país já realizou cerca de 108 milhões de exames.

Para o americano comum, as contas continuariam se acumulando com acompanhamentos e medicamentos. O Remdesivir, um novo tratamento para coronavírus criado pela farmacêutica Gilead, custa 3.120 dólares (17.500 reais) em seguradoras privadas e 2.340 dólares (13.000 reais) por meio de programas públicos como Medicare e Medicaid.

Trump também recebeu um tratamento experimental com anticorpos feito pela empresa de biotecnologia Regeneron, atualmente disponível gratuitamente para participantes de testes clínicos. Contudo, quando o medicamento chegar ao mercado, deverá custar milhares de dólares, como outras substâncias feitas com anticorpos.

Segundo o Times, o custo médio para uma hospitalização por coronavírus para um paciente com mais de 60 anos, como é o caso de Trump, de 74 anos, é de 61.912 dólares (346.500 reais). O valor inclui todos cuidados médicos, como uma visita ao pronto-socorro ou medicamentos fornecidos pelo hospital. Para pacientes segurados, o preço pode cair para 31.575 dólares (176.600 reais), sendo que todos os valores variam muito de um paciente para outro.

Pacientes sem seguro, no entanto, podem ficar presos a todas as despesas hospitalares e não receber nenhum desconto. Embora o governo Trump tenha criado um fundo para cobrir os custos de testes e tratamentos de coronavírus para não segurados, ele não chega a todos.

Caso o republicano conquiste o desmantelamento do Affordable Care Act, o sistema de saúde criado na era Barack Obama para expandir e controlar preços dos planos de saúde, as consequências financeiras das hospitalizações por coronavírus podem ser duradouras. A Covid-19 pode se juntar à lista de doenças pré-existentes que elevam os preços dos planos e até justificam recusa de cobertura.

O governo entrou com uma petição em junho apoiando a investigação e, no dia 10 de novembro, a Suprema Corte ouvirá o caso que argumenta que o programa é inconstitucional.

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