Velho da Havan arranca um “bolsa jatinho” do governo

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Foto: Pablo Jacob, Agência O Globo

No mesmo dia em que desistiu de realizar um IPO na Bolsa ao ver que o mercado não estava disposto a comprar o valuation de R$ 100 bilhões que esperava pela sua rede de lojas de departamento, o empresário Luciano Hang surgiu em Brasília como um todo poderoso lobista da aviação executiva.

Trajando seu folclórico terno patriótico, ele foi a estrela verde e amarela da cerimônia de anúncio do programa Voo Simples no Palácio do Planalto na quarta-feira, quando se anunciou a revogação de normas, portarias e decretos para desburocratizar e reduzir os custos de quem tem um avião para chamar de seu.

Proprietário de três — um Global 6000 de US$ 63 milhões, um Challenger 350 de US$ 27 milhões e um Learjet 45 de US$ 14 milhões —, além de três helicópteros, o dono da Havan poderá economizar alguns milhares de dólares por ano com a renovação da habilitação dos seus pilotos e custos de treinamento em simulador, que passarão a ser realizados a cada dois anos e não mais anualmente.

(Na verdade, o governo revogou a regulamentação existente, deixando um vácuo regulatório até que uma nova regulamentação, que ainda terá de passar por consulta pública, seja aprovada.)

Luciano Hang também vai se beneficiar de uma outra medida do pacote e que simplifica as regras para abrir pistas de aeroportos privados pelo país.

Sentado à esquerda do presidente Jair Bolsonaro com o ministro Paulo Guedes à sua esquerda, em um palco formado por ministros e autoridades da aviação, Luciano foi tratado com deferência. E coube ao amigo presidente explicitar o que o dono de uma rede de varejo estava fazendo em um evento de revogação de decretos e normas técnicas da aviação geral:

— Luciano não vai abrir loja onde não tiver aeroporto — sentenciou o presidente no mesmo discurso em que decretou “o fim da lava-jato porque não tem mais corrupção no governo” e em que se declarou “imbrochável”.

Bolsonaro mencionou quatro vezes o nome do amigo, com elogios aos seus trajes e à sua capacidade empreendedora, e ainda falou dos planos de expansão da Havan. Pedindo “cola” ao empresário, anunciou 30 inaugurações no ano que vem “inclusive na região mais pobre de São Paulo, a minha região, em Registro”.

O Globo