Aliança de esquerda energizou campanha de Boulos

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Foto: Valéria Gonçalvez / Estadão

Eram pouco mais de 20h de domingo, dia 15, quando o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, recebeu um telefonema de Jilmar Tatto, que concorreu ao cargo pelo PT. Tatto ligou para empenhar apoio a Boulos e colocou a máquina do PT, com grande capilaridade na periferia, à disposição do líder do MTST. Era o primeiro passo para consolidar a estratégia usada por Boulos nos últimos 15 dias de campanha: dar à candidatura o caráter de uma frente antibolsonarista.

“A gente precisou dialogar com mais setores, então abrimos o segundo turno criando uma frente de esquerda e centro-esquerda para ampliar a mobilização e fomos conversar com setores como os evangélicos, pequenos comerciantes”, disse Josué Rocha, coordenador da campanha. Além do PT, a campanha recebeu apoio de PCdoB, PDT, PSB e Rede.

A frente ajudou a campanha a solucionar um problema: como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, amigo e aliado de Boulos, seria apresentado sem que os adversários explorassem com eficácia o antipetismo contra o candidato do PSOL. A saída foi diluir a participação de Lula nos programas de TV.

O líder petista, que nos últimos 30 anos ocupou o centro das atenções na esquerda brasileira, foi mostrado sem protagonismo ao lado de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Flávio Dino (PCdoB). A reunião de adversários aparentemente irreconciliáveis passou a ser vista como um vetor capaz de abrir caminho para uma unidade da esquerda em 2022.

Com a ajuda dos novos aliados, Boulos abriu diálogo com setores aos quais tinha pouco acesso, como servidores públicos da área da segurança, pastores evangélicos, pequenos comerciantes, mulheres empreendedoras da periferia e a Igreja Católica mais conservadora, representada pelo arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer. A base do PT, que não havia se empolgado com a candidatura de Tatto, trabalhou para Boulos na periferia.

Em outra frente, a campanha antes focada nas redes sociais passou a dividir a atenção com a TV. Se no primeiro turno Boulos tinha apenas dois comerciais por dia e 17 segundos no horário eleitoral, no segundo turno passou a ter 25 comerciais e dois segmentos de 5 minutos diariamente.

O maior tempo na TV e a profusão de entrevistas, debates e sabatinas, foram usados sobretudo para tentar rebater a principal estratégia do rival Bruno Covas (PSDB): rotular a candidatura de Boulos como radical. “Radicalismo, para mim, é o abandono do povo. Nós queremos e vamos inverter prioridades, tirar a cidade do abandono, tirar a periferia do abandono”, repetiu o candidato inúmeros vezes.

A TV também foi o meio utilizado para atacar Covas. A campanha explorou denúncias contra o candidato a vice do tucano, o vereador Ricardo Nunes (MDB). Em 2011, a esposa dele registrou um boletim de ocorrência após uma briga do casal. Além disso, Nunes é investigado pelo Ministério Público por supostas irregularidades no aluguel de creches conveniadas com a prefeitura. Ele nega.

A questão era como chamar atenção para o vice sem parecer que a campanha estivesse explorando politicamente a doença de Covas, que enfrenta um câncer. A saída foi lembrar que os dois únicos tucanos eleitos para a Prefeitura, José Serra e João Doria, abandonaram o mandato no meio para disputar o governo do Estado. E, por isso, e não por causa da doença, o eleitor deveria dar importância ao vice.

Mas o resultado positivo do exame para covid-19 de Boulos, anunciado na sexta-feira, 27, sacudiu a campanha na reta final. Além de inviabilizar o último debate, na TV Globo, isso deu aos adversários o discurso de que o candidato foi irresponsável ao continuar participando de atividades presenciais, mesmo depois de saber que a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), com quem esteve uma semana antes, havia contraído a doença.

A campanha do PSOL alega que os cuidados foram além dos recomendados pelo Ministério da Saúde. Isso, no entanto, não impediu que termos como “irresponsável” fossem associados a Boulos nas redes sociais e chegassem aos assuntos mais comentados do Twitter.

Estadão 

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