Áreas mais ricas elegem mais mulheres

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Foto: Reprodução

Com poucas vagas conquistadas na Câmara de Vereadores do Rio, mulheres candidatas ao cargo apresentaram votação concentrada principalmente nas regiões mais ricas da cidade ou nos bairros onde há reduto eleitoral e “puxadoras” de voto. A conclusão faz parte de um levantamento feito pelo GLOBO com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do IBGE.

O levantamento cruzou os votos em vereadores dos 1.419 locais de votação da cidade com informações do Censo Demográfico. Os dados do IBGE apontam que as áreas mais ricas da cidade, especialmente a da Zona Sul, conjugam um percentual médio de votação em mulheres maior do que as regiões mais pobres que, quando possuem um indicador elevado, estão relacionados a representantes com maior influência na região ou do chamado “recall” eleitoral, de nomes já conhecidos dos eleitores.

Os números indicam uma diferenciação no padrão de voto das regiões da cidade, apesar da similaridade do percentual das votações por gênero. Enquanto em alguns bairros há candidaturas mais bem definidas, cujo percentual de votação é concentrado, em outros as votações são mais pulverizadas em várias candidaturas. E isso difere os bairros da Zona Norte e da Zona Sul.

Em 63% dos locais de votação da cidade, candidatas receberam menos de 10% dos votos dos eleitores. Em grande parte, esses estabelecimentos se localizam nas regiões mais pobres da Zona Oeste e Norte da capital. Em Costa Barros, na Creche Municipal Luis de Souza da Costa Barros, as mulheres receberam apenas 4% dos votos, o menor percentual da cidade.

Este ano, a cidade do Rio de Janeiro elegeu dez vereadoras, contra sete em exercício no mandato atual. Destas, apenas duas estreiam um mandato na política: Tainá de Paula (PT) e Mônica Benício (PSOL). As demais foram reeleitas.

Dos 50 locais de votação com maior percentual de votos em mulheres, 39 estão na Zona Norte, em bairros como Penha, Irajá e Vila Kosmos, Vista Alegre e Del Castilho. Nessas áreas, o voto em mulheres está quase sempre direcionado a uma candidata. Em todos esses locais, uma vereadora já conhecida figura como a mais votada. Teresa Bergher (Cidadania), Rosa Fernandes (PSC) e Vera Lins (PP) são as principais beneficiadas.

Nos 11 restantes, todas localizadas na Zona Sul, o voto é diferente. Há uma pulverização maior da votação em diversas candidaturas. Quase nunca aparece uma mulher como a mais votada daquele local, mas há uma gama maior de mulheres bem votadas. Ou seja, o percentual de votos é o mesmo, mas várias são “escolhidas”. Tiveram bom desempenho nas seções com maior votação em mulheres da região Tainá de Paula, Antonia Leite Barbosa (Cidadania), criadora do guia Agenda Carioca, e Simone Pereira (Rede), que é do Cantagalo. As duas últimas não foram eleitas.

Professora e Coordenadora do Programa Diversidade da FGV Direito Rio, Ligia Fabris pondera que a votação na Zona Sul também tem participação de favelas que compõem a região e podem ter tido impacto na escolha de mulheres nas urnas — não apenas os eleitores com maior renda. A pesquisadora destaca ainda que candidatas com votação expressiva em seus redutos eleitorais costumam receber mais recursos dos partidos.

— Uma hipótese é que a concentração de votos pode ter relação com a de recursos. Quando a gente vai ver os dados sobre financiamento de campanhas de mulheres, em geral, os partidos destinam quase a totalidade dos recursos, que deveriam ser pulverizados, em algumas poucas candidatas e a gente sabe pela literatura que um dos fatores para chance de sucesso é o volume de recurso — avalia Fabris.

É justamente a falta de apoio dos partidos a principal dificuldade enfrentada por mulheres candidatas que almejam entrar na política, diz a cientista política Débora Thomé, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF). As siglas privilegiam os homens, principalmente aqueles que já estão no poder.

— O partido é um espaço do masculino e, se o partido não investe em você, você não consegue se eleger. Para muita candidata, o dinheiro chegou agora ou não chegou. As mulheres que sobrevivem nessas estruturas são as que já estão estabelecidas — analisa Thomé.

Das quase 60 mil vagas para vereadores em todo o país, apenas 16% serão ocupadas por mulheres na próxima legislatura, segundo dados do TSE. Esse número, no entanto, vem crescendo lentamente. Em 2016, esse percentual era de 13,5%. Oito anos atrás, de 13,3%. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, 51,8% dos brasileiros são mulheres.

O Globo 

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