Boulos se concentra em votos da periferia

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução/FB

Guilherme Boulos, de 38 anos, aproxima-se de uma vendedora de loja que observava curiosa a junção de gente na Estrada do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Ele estende um panfleto: “Bom dia, posso deixar com você? Eu sou Boulos, morador aqui do bairro. Quero levar a voz da periferia para a prefeitura.” A quatro dias das eleições, o candidato do Psol à Prefeitura de São Paulo repete o gesto e as palavras dezenas de vezes ao longo da uma hora em que percorre a região de comércio. Não se intimida com quem lhe vira o rosto ou se recusa a pegar o panfleto. Faz sinal de positivo, acena com a cabeça e parte para o próximo.

Boulos cita que 40% dos paulistanos ainda não o conhece para sustentar que, se for ao segundo turno, em pé de igualdade de tempo de TV com o adversário e debates, vai vencer. “O problema que tenho para meu crescimento é a taxa de conhecimento”, disse ontem a jornalistas. “Se eu for para o segundo turno, ela vai passar a 100%.”

Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e um dos maiores defensores – não filiado ao PT – do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Boulos trava nesta campanha uma luta contra estereótipos. “Talvez imaginassem que ia chegar aqui um cara com boné vermelho gritando ‘companheiros e companheiras’”, disse, entre sorrisos, Boulos a um dirigente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em evento da entidade, em outubro. O empresário havia dito que o discurso do candidato do Psol estava tão “redondo” que parecia “de direita”.

A capacidade de Boulos de se apresentar como alguém moderado mesmo diante de quem é hostil a ele, como alguns pedestres no Campo Limpo ou o empresário na ACSP, ajuda a explicar a evolução do candidato do Psol, que hoje figura como o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto. Se tiver neste domingo a votação de 16% prevista pelo Datafolha, Boulos passa ao segundo turno. Dados mostram que a base de eleitores de Boulos é quem votou, em 2018, em Fernando Haddad (PT) para a Presidência da República.

Nesta primeira etapa das eleições, Boulos teve 17 segundos diários na propaganda eleitoral de rádio e TV e, por isso, apostou no WhatsApp e nas redes sociais. A linguagem da campanha contou com quadrinhos, ilustrações, publicações no TikTok e “lives” de 24h do dia do candidato. Conquistou preferência entre os eleitores jovens, com renda familiar maior do que cinco salários mínimos e com ensino superior. Outro eixo prioritário da campanha de Boulos, a periferia, ainda oferece resistência e é o que deve definir, nos próximos dias, se o candidato do Psol vai ou não ao segundo turno.

O fato de o PT ter decidido lançar candidato próprio, Jilmar Tatto, ao invés de apoiar Boulos, retardou o crescimento do Psol nas periferias. Como a campanha petista não decolou, o PT nacional chegou a pedir a Tatto que ele declarasse apoio a Boulos, para tentar, na última hora, migrar votos para que uma candidatura de esquerda chegasse ao segundo turno. Por enquanto, Jilmar Tatto resiste.

Boulos apresentava-se, ao andar pelo Campo Limpo ontem, como “o único candidato que mora na periferia”. Ele vive em uma casa no bairro há seis anos. Antes, morou em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo. Filho de médicos, de classe média, Guilherme Boulos tomou uma decisão aos 16 anos de idade que, acredita, mudou sua trajetória. Ele informou aos pais que sairia do colégio particular onde estudava e iria para a escola pública do bairro. Passou a trabalhar na alfabetização de jovens e adultos em uma comunidade. E, aos 18 anos, mudou-se para uma ocupação, ambiente de onde nunca mais saiu, atuando há 23 anos no MTST. A militância rendeu a ele a fama de “invasor de casas”, reforçada por adversários durante a campanha. Para tentar desfazer a imagem, Boulos, sempre que questionado sobre o tema, agradecia a pergunta e explicava, sem alterar a voz nem aparentar cansaço, que as ocupações tinham como alvo imóveis abandonados há anos e com dívidas milionárias em atraso com a prefeitura. O assunto rendeu ilustração para o Instagram, feita por um desenhista contratada pela campanha, em que Boulos pede: “Deixa eu ocupar seu coração.”

Valor Econômico

 

O blogueiro Eduardo Guimarães foi condenado pela Justiça paulista a indenizar o governador João Doria em 20 mil reais. A causa foi um erro no título de matéria do Blog da Cidadania. O processo tramitou em duas instâncias em seis meses DURANTE A PANDEMIA, com o Judiciário parado. Clique na imagem abaixo para ler a notícia

Quem quiser apoiar Eduardo e o Blog da Cidadania pode depositar na conta abaixo.

CARLOS EDUARDO CAIRO GUIMARÃES
BANCO 290 – PAG SEGURO INTERNET SA
AGÊNCIA 0001
CONTA 07626851-5
CPF 100.123.838-99

Eduardo foi condenado por sua ideologia. A ideia é intimidar pessoas de esquerda. Inclusive você. Colabore fazendo um ato político, ajudando Eduardo com qualquer quantia.