Eleitores reagem a Trump por tentativa de anular votos

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Foto: SHANNON STAPLETON / REUTERS

Em uma manobra para mudar os resultados da eleição presidencial no estado de Michigan, autoridades eleitorais republicanas do condado de Wayne, onde fica Detroit e onde o democrata Joe Biden venceu com facilidade, se recusaram a certificar os resultados da corrida, mas cederam depois de forte pressão dos próprios eleitores.

O incidente, na noite de terça-feira, explicitou uma nova tática da campanha do presidente Donald Trump para tumultuar a certificação dos resultados da eleição presidencial vencida por Biden. Com as ações que impetrou em estados-chave sendo seguidamente rejeitadas nos tribunais, Trump pressiona autoridades republicanas locais para não reconhecerem os resultados, que devem ser certificados em todas as unidades da federação até 8 de dezembro, seis dias antes da reunião do Colégio Eleitoral.

Em Michigan, os integrantes republicanos da comissão eleitoral do condado de Wayne adotaram a posição de se recusar a aceitar os números finais, alegando disparidades entre o número de votos computados e o de eleitores que participaram da eleição.

A manobra provocou uma reação imediata dos democratas. Para eles, era um ato aberto de interferência partidária em um processo legítimo, uma vez que o volume de disparidades era menor do que o ocorrido em votações anteriores e a posição republicana trazia consigo tons de racismo: afinal, Wayne tem uma considerável população negra, em especial em Detroit, maior cidade do condado e do estado.

Segundo os democratas, o vies ficou explicitado na moção apresentada por uma dos integrantes republicanas da comissão, Monica Palmer: ela queria que os votos de todas as comunidades de Wayne fossem certificados, menos os de Detroit, onde 78% dos eleitores são negros.

“Monica Palmer se sentou ali e disse que estava disposta a aprovar os resultados da cidade branca de Livonia, que teve o segundo maior número de disparidades, mas ela não quer certificar a cidade de Detroit”, afirmou ao New York Times Mark Brewer, ex-líder do Partido Democrata em Michigan. “Não há razão para isolar a cidade de Detroit dessa forma racista.”

Como forma de pressionar a comissão, formada por dois representantes de cada partido, lideranças democratas locais, como as deputadas Debbie Dingell e Rashida Tlaib, articularam uma contraofensiva. Na principal delas, colocaram 300 pessoas acompanhando a reunião virtual que decidiria sobre os resultados de Wayne — foram três horas de discussão e, no final, os números foram confirmados.

— Fico feliz de ver que o senso comum prevaleceu no final — disse Mike Duggan, prefeito de Detroit, do Partido Democrata. Para ele, se os resultados não fossem confirmados, teria sido um “ato historicamente vergonhoso”.

A campanha de Donald Trump afiirma que não teve qualquer participação no impasse, mas o presidente chegou a comemorar uma suposta vitória no estado, onde venceu em 2016 mas perdeu para Biden há duas semanas. “Uau! O Michigan se recusou a certificar os resultados da eleição. Ter coragem é algo lindo. Os EUA estão orgulhosos”, publicou, minutos depois de a comissão eleitoral do condado de Wayne ter decidido finalmente certificar os resultados.

Apesar do fracasso da manobra, se somando à rejeição de dezenas de processos por tribunais de estados onde o republicano foi derrotado (não há iniciativas questionando a lisura do pleito em estados onde ele venceu), Trump parece ter sucesso na tentativa de semear entre seus eleitores desconfiança do sistema eleitoral.

Segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Reuters, em parceria com o instituto Ipsos, metade dos republicanos acredita que a vitória de Joe Biden foi fraudada, e que Trump é o “vencedor de direito”.

Essa mentira é amplificada pelo presidente e por assessores, como o advogado Rudolph Giuliani, que assumiu os processos da campanha de Trump ainda em abertos, depois que as ações foram abandonadas por escritórios de advocacia de prestígio.

Uma dessas iniciativas, apresentadas na terça-feira, pede que Trump seja declarado o vencedor no estado de Nevada, onde Biden foi o mais votado. Segundo eles, há problemas na máquina que conferia as assinaturas no condado de Clark, o que tornaria os resultados “ilegítimos”. A ação sugere ainda que, em último caso, a votação no estado seja anulada, o que deixaria os seis votos no Colégio Eleitoral em aberto.

Autoridades locais afirmam que o processo repete “alegações que os tribunais já rejeitaram”. Um assessor da campanha de Biden declarou que tudo não passa de “um teatro, não um processo de verdade”.

No começo da tarde, a campanha de Trump entrou com pedido de recontagem em dois condados do estado de Wisconsin: Milwaukee e Dane, onde fica a cidade de Madison, dois locais em que Biden venceu com folga. Na ação, os representantes do atual presidente alegam que houve irregularidades nas cédulas de votação antecipada e que as regras sobre identificação dos eleitores foram burladas. O custo da iniciativa, pago pela campanha, será de US$ 3 milhões.

Até o momento, o presidente sinalizava que pediria a recontagem de todos os votos do estado, onde ele perdeu por 20 mil votos para Biden.

Em 2016, a então candidata do Partido Verde, Jill Stein, também pediu uma recontagem, mas a mudança foi mínima: Trump “ganhou” 844 votos enquanto a democrata Hillary Clinton somou 713 ao seu total. Na Geórgia, onde uma recontagem está em andamento, os resultados finais podem ser divulgados ainda nesta quarta-feira: Biden também venceu ali, com vantagem de pouco mais de 14 mil votos.

O Globo

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